O governo de Nicolás Maduro anunciou uma drástica redução na jornada de trabalho do funcionalismo público, que passará de 40 horas para apenas 13,5 horas semanais. Com a medida, os servidores trabalharão apenas três dias por semana, em turnos das 8h às 12h30.
Maduro mais uma vez atribuiu a decisão à “emergência climática”, justificativa já usada repetidamente pelo regime para racionar energia diante do colapso do sistema elétrico venezuelano. Nos últimos 20 anos, o chavismo recorreu a medidas similares em períodos de grave escassez energética, como em 2019, quando um apagão deixou 80% do país sem energia por dias. O regime costuma culpar fenômenos naturais ou alegar sabotagem, mas especialistas apontam que a crise é resultado de anos de má gestão, corrupção e falta de investimentos no setor.
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A rede elétrica do país depende majoritariamente da hidrelétrica Simón Bolívar e do reservatório de Guri, que enfrenta níveis críticos devido à seca. Em várias regiões, os cidadãos já sofrem com cortes de energia de pelo menos quatro horas diárias. O novo esquema de racionamento, em vigor desde segunda-feira (24), deve durar inicialmente seis semanas, mas pode ser prorrogado. A medida não se aplica a trabalhadores da educação, setor já devastado pela saída de mais de 70% dos professores.
A redução da jornada, no entanto, não resolve o problema: em 2019, ação similar não impediu novos apagões e ainda agravou a qualidade de vida da população. A crise atual se intensifica com as sanções dos EUA, que impuseram uma tarifa de 25% sobre países que comercializem petróleo venezuelano, provocando a maior desvalorização do bolívar em quatro anos. Multinacionais como a Chevron já anunciaram sua saída do país, aumentando o isolamento do regime. A questão agora é se essa pressão surtirá efeito.