Giovanni Angelo Becciu, cardeal italiano de 76 anos, é uma figura central em uma das maiores controvérsias recentes da Igreja Católica, marcada por sua condenação em 2023 por peculato e abuso de poder no escândalo financeiro envolvendo a compra de um imóvel de luxo em Londres. Após a morte do Papa Francisco, na segunda-feira (21), a presença de Becciu tornou-se motivo de polêmica na iminência do conclave para escolha do novo papa.
Ex-substituto da Secretaria de Estado e prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Becciu teve uma ascensão notável na Cúria Romana, mas sua carreira foi abalada pela renúncia forçada em 2020, quando o Papa Francisco retirou seus direitos cardinalícios, incluindo a participação em conclaves. Sua inesperada presença no Vaticano desafia a decisão papal e levantando questões sobre sua influência e o impacto de seu caso na credibilidade da Igreja.
Giovanni Angelo Becciu, nascido em 2 de junho de 1948, em Pattada, Sardenha, Itália, é um cardeal da Igreja Católica Romana. Ordenado sacerdote em 1972, ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1984, atuando em missões em diversos países, como Angola, Cuba, Reino Unido e Estados Unidos. Foi núncio apostólico em Angola (2001-2009) e Cuba (2009-2011).
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Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, uma posição-chave na Cúria Romana, equivalente a chefe de gabinete do Papa. Em 2018, o Papa Francisco o elevou a cardeal e o nomeou prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Becciu tornou-se conhecido por seu envolvimento em um escândalo financeiro relacionado à compra de um imóvel de luxo em Londres, entre 2014 e 2018, com fundos da Secretaria de Estado, incluindo doações do Óbolo de São Pedro. A operação, considerada especulativa, resultou em perdas significativas para a Santa Sé.
Em 2020, Francisco aceitou sua renúncia ao cargo de prefeito e aos direitos do cardinalato, como a participação em conclaves, embora ele mantenha o título de cardeal. Em julho de 2021, Becciu foi indiciado por peculato, abuso de poder e suborno, sendo o primeiro cardeal julgado criminalmente em um tribunal do Vaticano.
Em dezembro de 2023, foi condenado a cinco anos e meio de prisão, multa de 8 mil euros e inabilitação perpétua para cargos públicos, por crimes ligados ao caso do imóvel e a pagamentos irregulares, incluindo 125 mil euros a uma cooperativa de seu irmão e 570 mil euros a uma consultora. Becciu nega as acusações, alegando ser vítima de uma conspiração, e seus advogados recorreram da sentença. O recurso está em andamento, com audiências previstas para este ano.
