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Primeiro Cardeal da Amazônia: conheça Leonardo Steiner, defensor da floresta que pode se tornar o novo papa
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O cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, emerge como uma figura central no cenário eclesiástico global após a morte do Papa Francisco, no último dia 21. Aos 74 anos, Steiner é um dos sete cardeais brasileiros aptos a participar do conclave que escolherá o próximo líder da Igreja Católica, um evento que tem mobilizado a atenção do mundo. Conhecido por sua trajetória de compromisso com a Amazônia e os povos originários, ele carrega o título histórico de primeiro cardeal da região amazônica, nomeado pelo próprio Francisco em 2022. Nesta segunda-feira, ele foi apontado por seu antigo professor, o teólogo Leonardo Boff, como possível surpresa para a escolha do novo papa.

Cardeal Leonardo Steiner (Foto: Divulgação/Vaticano)

Nascido em 6 de novembro de 1950, em Forquilhinha, Santa Catarina, Steiner é um franciscano da Ordem dos Frades Menores, onde ingressou em 1976, sendo ordenado sacerdote dois anos depois. Sua formação acadêmica é robusta: possui bacharelado em filosofia e pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena e doutorado em filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma. Antes de assumir a Arquidiocese de Manaus em 2020, Steiner foi bispo da Prelazia de São Félix, no Mato Grosso, bispo auxiliar de Brasília e duas vezes secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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Steiner ganhou destaque por sua atuação pastoral e social na Amazônia, uma região que ele descreve como desafiadora. “Manaus é uma cidade com 2,3 milhões de pessoas. Ser bispo aqui é lidar com uma realidade complexa, que envolve cultura, religião e a preservação do bioma”, disse em entrevista recente à BBC News Brasil. Ele também enfatizou o impacto do Papa Francisco na região: “Francisco tinha um carinho especial pela Amazônia, pelos seus povos, especialmente os originários, e pelo pulmão do mundo.”

Sua nomeação como cardeal foi vista como um gesto simbólico do Papa Francisco para dar voz à Amazônia no cenário global da Igreja. Durante seu pontificado, Francisco destacou a importância da região, especialmente após a Conferência de Aparecida de 2007, onde a Amazônia foi tema central. Steiner participou da COP de Paris como parte da delegação da Santa Sé e testemunhou o impacto do documento Laudato Si’, no qual Francisco aborda a crise ambiental. “A Amazônia deve muito a ele”, afirmou Steiner.

Progressista em questões sociais e ambientais, Steiner também se posicionou a favor da acolhida à comunidade LGBTQIA+, ecoando a postura de Francisco. “Ele teve a ousadia de dizer que são filhos e filhas de Deus, então devemos acolher”, declarou à Folha de S. Paulo. Além disso, o cardeal é conhecido por sua oposição ao marco temporal, defendendo os direitos dos povos indígenas à terra.

Embora esteja entre os cotados para suceder Francisco, Steiner não é considerado favorito, mas seu nome é mencionado em listas de possíveis candidatos devido ao simbolismo de sua posição. Em entrevista à imprensa, ele desconversou sobre a possibilidade com bom humor: “Isso não sou eu”. Para ele, o mais importante é que o próximo papa tenha “sensibilidade para ouvir o mundo”, independentemente de ser progressista ou conservador.

Enquanto se prepara para o conclave, Steiner deixou Manaus no dia 24 de abril rumo ao Vaticano, onde participou do funeral de Francisco no último sábado (26). Sua presença no processo de escolha do novo pontífice reforça a relevância da Amazônia na Igreja contemporânea, um legado que ele atribui ao Papa Francisco e que pretende honrar, seja qual for o desfecho do conclave.

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