Era uma vez um país vivendo uma crise sem precedentes que colocou em risco a vida de milhares de pessoas. A solução para essa crise era a ciência, mas esse país tinha um presidente que preferiu negar a ciência, espalhar teorias da conspiração para desinformar a população, focar em interesses próprios e polarizar os cidadãos criando um grande movimento negacionista com consequências catastróficas, milhares de mortos, famílias devastadas, sequelas, caos.
Os cientistas foram desacreditados, ridicularizados, a crise tratada como uma coisinha sem importância, mentiras para convencer as pessoas a acreditarem que a crise nem era tão ruim assim, que a ciência não era tão importante assim, que tudo o que o povo estava passando poderia ser relativizado e tratado com humor.
Cientistas chamadas de loucas, descontroladas, histéricas, agressivas. E quando outros países quiseram ajudar, a ajuda foi negada, profissionais ridicularizados, expulsos do país mesmo quando se precisava desesperadamente de ajuda.
O presidente colocou para enfrentar a crise pessoas completamente desqualificadas, jogadas em posições de poder de maneira arbitrária, com interesses obscuros.
Enquanto seus parentes ficam protegidos debaixo de sua asa.
E o resultado: tragédia.
Essa história fica bem em um enredo de filme de ficção científica, clichê americano, mas infelizmente é a história dos dois últimos anos do Brasil.
Dois mil e vinte e dois mil e vinte um foram anos tão caóticos, a memória bloqueia a retrospectiva tamanho o trauma que vivemos, a lembrança desses anos é um borrão, ninguém sabe exatamente o que aconteceu em cada ano, a gente só sabe que foi uma dor enorme, depressão, ansiedade, mortes, muitas mortes, choro, insônia, medo, desastre total.
E agora? O que esperar de 2022 quando está todo mundo exausto, tentando juntar os cacos da saúde mental para se reestruturar na vida?
Em dois mil e vinte e em dois mil e vinte um a gente não podia se aglomerar, tinha que usar máscara sempre, evitava o contato com os parentes, não podia viajar. Em dois mil e vinte too (do inglês também; e ainda em alusão ao número 2, two).
A pandemia não acabou, precisamos continuar nos protegendo, nos vacinando, confiando na ciência. Além da pandemia do coronavírus e suas variantes, agora também enfrentamos uma epidemia de influenza H3N2, além das chuvas que devastam o Nordeste e o norte de Minas. Com tudo isso, o atual presidente está de férias, pescando, indo a parques, vivendo a realidade paralela dele sem dar a devida importância ao povo brasileiro e ainda negando ajuda externa.
Nos últimos dois anos, o que mais temos feito é sobreviver, apesar do atual presidente. Sobreviver ao desgoverno dele. O inimigo em comum que o povo brasileiro tem não é só o coronavírus, é o atual presidente também.
Recentemente reencontrei um ex, conversamos muito, lavamos as roupas sujas dos últimos tempos, revimos nossos defeitos, o que pode melhorar e como será nosso futuro. Chegamos à conclusão de que nosso destino é ficar junto. Ai que saudade do meu ex! Quando estávamos juntos não tinha caos, ele me dava tudo que eu precisava: segurança, cuidado, dignidade. Com ele eu podia viajar de avião, tinha comida sempre em casa e gás para cozinhar, conseguia colocar gasolina no carro. Ele sim valorizava a ciência e como ele me fazia bem! Era um relacionamento saudável! Espero que em 2022 eu tenha o meu ex de volta, preciso tanto que ele volte para mim…
Essa poderia ser uma linda história de amor romântico, mas é do amor pelo bom velhinho que estou falando, o bom velhinho que não é o Noel.
Em 2022 eu quero mais coxão e menos coxinha.
Quero que o bom velhinho nos traga esperança!
Felicidade anda acompanhada, vem em par com a saúde, com comida no prato, com equidade. Que a gente seja muito feliz com o ex, em 2022.
Desejo para todos nós um ano livre, leve e lindo, todo L!
E que na noite de réveillon a gente se deseje um feliz fora Bolsonaro e tome uns bons drinks, porque 2022 vai dar PT.