Muitas pessoas têm exposto suas preocupações com os números de mortes e de novos casos de covid-19 no país. Fato que é pertinente a preocupação, o país apresenta uma média de mil mortes por dia e de 50 mil novos casos diários, ou seja, números compatíveis com o auge da pandemia no último mês de Julho. Há uma diferença entre aquele momento e o atual: lá tínhamos ainda muitas restrições, ao contrário de hoje em que tudo funciona normalmente como se nada estivesse acontecendo.
Compreendo perfeitamente a necessidade de reabertura do comércio, das escolas, das creches, das academias, das praias, das praças, bares, casas noturnas… Por vários motivos, é preciso tocar o barco adiante; a vida deve prosseguir. Entretanto me pego avaliando quais vidas irão prosseguir? Não estamos debatendo ideologias, política, partidarismos. Estamos debatendo saúde pública, vidas humanas, famílias que se desfazem, dramas e traumas que ficarão eternizadas nas vidas dos sobreviventes.
Nesta altura penso que cada um de vocês leitores conhece o caso de alguma pessoa próxima que já faleceu em decorrência de ter contraído covid-19, sem contar os casos que conhecemos de pessoas que foram infectadas e felizmente conseguiram superar a doença. Penso que já passamos da hora de tomarmos medidas mais enérgicas para impedir que mais vidas sejam ceifadas. Viramos o calendário esperançosos de um novo ciclo, um ciclo melhor, mas nada mudou no dia de ano novo.
No nosso país há um velho ditado que diz que o ano só inicia depois do carnaval, e aí que está: “não tivemos” carnaval em 2021, ficamos presos então em 2020? Pois bem, cá estamos nós no pós-carnaval, mas o que parece mesmo é que estamos em 2020. Nada parece ter mudado, parece que 2020 não acabou…