Visto de longe, parecia um bar como outro qualquer.
Mais que bar, era também um café.
Noite de sexta-feira, poucas mesas disponíveis diante do distanciamento necessário e do estranhamento causado pela pandemia. Uma moça faz ali seu jantar; dois amigos já repletos de cerveja jogam conversa fora com um dos proprietários a respeito da rodada do futebol. Nenhum cliente submerso no telefone celular para fugir da realidade. Zero selfies para a rede social das imagens de felicidade que vez por outra é construída.
Sozinho, peço a minha. Vem gelada.
Atendimento tranquilo. A brisa da praia de Intermares e a luz da lua tornam a noite ainda mais agradável. Até aí parecia ser apenas sorte. Na caixa de som do bar, música num volume que tornava possível a conversa rolar, para quem tivesse com quem conversar. Aos que apenas contemplavam, restava ouvir: “Reconvexo”, na voz de Maria Bethânia.
Definitivamente não era um lugar como outro qualquer.
Tira-gosto de bar, cadeiras e mesas com jeito de bar. Tudo parece pensado mais no bem-estar do que no ‘ser’ instagramável, apesar disso também existir por lá.
A vida off-line é poesia pura! Boteco que é boteco sem precisar se autoproclamar.
Preço justo, comida boa, e até a permissão para se falar de democracia e liberdade sem impactar ninguém. No fim da noite, após tantas geladas, eis que toca “Lama nas Ruas”, do saudoso Almir Guineto.
Sim, meus amigos. Posso dizer que em tempos de vadiagem líquida, encontrei um bar. Nem que seja para ir sozinho.
Obrigado por existir, Café com Cerveja. A boemia resiste com vocês!