Dia desses me deparei com a publicação de uma pessoa que exibia numa rede social digital um desenho simples, bonito, acompanhado do texto “Ainda bem que estudei, porque se eu vivesse de arte…”.
E artista não estuda? Não sob a égide da arrogância intelectual, da mais-valia do currículo lattes. Mas, sim, a verdade é que artistas precisam estudar tanto quanto qualquer outro profissional de sucesso.
A diferença é que o artista não contabiliza como estudo todas as horas dedicadas até a conclusão de uma obra de arte, pouco se gaba por isso e muitas vezes nem é reconhecido por esse estudo.
Da Vinci não pintou a Monalisa por inspiração divina. Shiko não é gênio porque Deus o fez assim. Grandes artistas estudam diuturnamente, e não são os títulos, intercâmbios, diplomas concedidos por universidades badaladas no Brasil ou na Europa que fazem um profissional de outra área ser melhor do que eles.
É possível que tenha sido somente uma frase infeliz.
Vale também ressaltar o quanto o trabalho decorrente das artes é em sua maioria pouco remunerado. O artista que não busca uma formação superior regular, com graduação e pós, por exemplo, mas dedica tempo equivalente a estudos para aprimoramento da sua arte tem em muitos casos remuneração inferior a quem trilhou o caminho de carreira mais usual. A declaração foi, assim, duplamente injusta.
Vejo na realidade muita gente talentosa que vive nos ‘corres’ de edital em edital para fechar a conta do mês, que sofreu na pandemia com receita zero e ainda assim sustentou o emocional de muita gente, pois o mundo sem arte é impossível de se viver.