Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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“Ainda bem que estudei, porque se eu vivesse de arte…”
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Nachtpauwoog, de Vincent van Gogh, foi finalizado em 1889, ano anterior à morte do artista

Dia desses me deparei com a publicação de uma pessoa que exibia numa rede social digital um desenho simples, bonito, acompanhado do texto “Ainda bem que estudei, porque se eu vivesse de arte…”.

E artista não estuda? Não sob a égide da arrogância intelectual, da mais-valia do currículo lattes. Mas, sim, a verdade é que artistas precisam estudar tanto quanto qualquer outro profissional de sucesso.

A diferença é que o artista não contabiliza como estudo todas as horas dedicadas até a conclusão de uma obra de arte, pouco se gaba por isso e muitas vezes nem é reconhecido por esse estudo. 

Da Vinci não pintou a Monalisa por inspiração divina. Shiko não é gênio porque Deus o fez assim. Grandes artistas estudam diuturnamente, e não são os títulos, intercâmbios, diplomas concedidos por universidades badaladas no Brasil ou na Europa que fazem um profissional de outra área ser melhor do que eles. 

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É possível que tenha sido somente uma frase infeliz. 

Vale também ressaltar o quanto o trabalho decorrente das artes é em sua maioria pouco remunerado. O artista que não busca uma formação superior regular, com graduação e pós, por exemplo, mas dedica tempo equivalente a estudos para aprimoramento da sua arte tem em muitos casos remuneração inferior a quem trilhou o caminho de carreira mais usual. A declaração foi, assim, duplamente injusta. 

Vejo na realidade muita gente talentosa que vive nos ‘corres’ de edital em edital para fechar a conta do mês, que sofreu na pandemia com receita zero e ainda assim sustentou o emocional de muita gente, pois o mundo sem arte é impossível de se viver. 

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