Da bancada paraibana de deputados federais, o único que pode, a preço de hoje, carregar a alcunha de que efetivamente trabalha contra a população mais pobre é Hugo Motta (Republicanos).
Achando pouco os anos como fiel defensor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ainda o título de único parlamentar paraibano a favor da privatização dos Correios, agora foi o único a votar contra a PEC que viabiliza o pagamento do programa Bolsa Família.
O jovem descendente do clã Motta, tradicional família da política paraibana em Patos, no Alto Sertão, já detém mais poder político do que imaginavam tanto seus aliados quanto os adversários que tentaram antever o cenário regional há alguns anos.
Assim como a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), Hugo também foi escudeiro de Bolsonaro e entrou para a lista vip dos parlamentares mais beneficiados pelo orçamento secreto.
Há um preço à imagem ao se fazer esse tipo de política kamikaze, na qual o político se expõe para defender pautas impossíveis. No entanto, o montante de verbas, acima dos R$ 100 milhões, ampliou o poder de quem fez a opção pelo tudo ou nada com o presidente.
Daniella foi mais esperta. Diante da divisão política no país, tratou de subir no muro. Quando perguntada sobre Lula ou Bolsonaro, se esquivava, e depois de um início de governo muito próxima da família do atual presidente, hoje evita associar sua imagem a Michelle, Flávio e os demais.
Hugo, não. Além de ter atuado com firmeza como um deputado governista, se manteve ao lado do bolsonarismo mesmo depois da queda do presidente. De acordo com a plataforma Radar do Congresso, do portal Congresso em Foco, Hugo Motta está entre os mais bolsonaristas dos paraibanos.
Mas até que ponto se manter ao lado do presidente derrotado é lealdade?
Eu diria que o caminho escolhido por Hugo Motta foi muito ruim para seu futuro político. Uma coisa é votar pelo conservadorismo, uma das bandeiras de Bolsonaro, mas votar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que viabiliza o pagamento do Bolsa Família é votar contra o povo mais pobre. Hugo achou pouco ter ajudado Bolsonaro a quebrar o Brasil, na saída do presidente fez questão de registrar seu voto contra quem luta para ter direito a um prato de comida.