Daniella Ribeiro (PSD) é a única paraibana aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado Federal. Mesmo sendo pedagoga, fechou os olhos para as denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), nada falou sobre a prisão do ex-ministro pastor Milton Ribeiro e se esquivou de assinar o pedido de CPI para investigar o escândalo do MEC.
Daniella já cumpriu missões importantes para o presidente Bolsonaro, como a relatoria do projeto que alterou a Lei Geral das Telecomunicações. Certamente foi a matéria de maior impacto e relevância que a senadora relatou até aqui, mas ela foi basicamente uma porta-voz dos interesses do Governo. Talvez por isso, preferiu se esquivar dos holofotes e pouca gente sabe que ela é a responsável pela aprovação da legislação (Lei nº 13.879 de 03/10/2019) que afeta diretamente as grandes corporações das telecomunicações.
Mas Daniella também tem alguns rompantes de equidade de gênero. Evangélica e conservadora, ela foi relatora no Senado do projeto que combate a violência política contra as mulheres (PL 349/2015). Na sua trajetória, sabe que as mulheres são cotidianamente vítimas de violências diversas, inclusive o assédio sexual.
Provavelmente já deve ter passado por situações em que sua condição de mulher foi invadida ou desrespeitada por homens em posições de poder. Realmente não é fácil ser mulher com destaque em um país machista, onde apenas 15% da representação política é feminina.
No Governo Bolsonaro, a violência contra mulher parece ser uma prática comum. Não é de se estranhar, afinal, o presidente é protagonista de diversos episódios de agressão. Até a única filha ele tratou como uma “fraquejada”, como se gerar filhos homens fosse algo mais nobre. Talvez Freud explique, pode ser mais um caso de sexualidade mal resolvida.
Seguindo a cartilha bolsonarista, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foi acusado por diversas funcionárias de assédio sexual. Pedro, que é sempre visto nas lives do presidente fazendo coro, é dos mais alinhados assessores. Negacionista, foi dos que questionaram a gravidade da pandemia, a necessidade de isolamento e o home office. De tão afinado com Bolsonaro chegou a ser cotado para substituir o ministro Paulo Guedes, que na verdade é o seu padrinho.
Pois é, Pedro Guimarães é conhecido também por passadas de mão e propostas de sexo a suas subordinadas, como vem sendo relatado essa semana. Parece que no Governo no Bolsonaro não faltam temas abjetos para serem revelados. Em meio a um escândalo na educação, com indícios de envolvimento do próprio presidente, que segundo o ex-ministro Milton Ribeiro diz ter alertado sobre operação da Polícia Federal, estoura a violência contra mulher praticada por um dos assessores mais próximos. Se com relação ao ex-ministro, Bolsonaro disse que colocaria a cara no fogo, agora, é prudente proteger as mãos.
Mas o que a senadora Daniella Ribeiro tem com isso? Tem muito a dizer. Na condição de parlamentar e mulher é obrigação a defesa das funcionárias da Caixa atacadas por Pedro Guimarães e o repúdio a qualquer prática de assédio. Independentemente da relação de proximidade que tenha com o presidente da Caixa, visto que por diversas vezes desfilou com ele pela Paraíba, além de se gabar de ter trazido uma superintendência do banco para Campina Grande, essa é uma oportunidade da senadora mostrar que seu bolsonarismo tem limite.
No caso dos pastores lobistas no MEC a senadora Daniella Ribeiro pode apelar até para o princípio da presunção de inocência ou a velha saída de que a Polícia Federal já faz uma investigação e, por isso, não é necessária uma CPI. Nos casos de assédio sexual praticados pelo presidente da Caixa não dá para se esquivar, nem apelar para a cartilha machista que transforma a vítima em culpada e atribuir as denúncias feitas pelas mulheres a conspiração para derrubar o amigo.