Em grande jogo de cena, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) jogou a pauta tributária das igrejas no Brasil para a plateia. Ninguém se engane em pensar que ele rompeu com a ala conservadora que tanto orou por ele nos templos espalhados pelo país. Ele mantém pautas, ministros e parlamentares sob sua gestão que são a ponte entre o governo e os ultraconservadores religiosos. Com o veto do presidente, o interesse financeiro de pastores na novela de Bolsonaro e o perdão das dívidas das igrejas foi tangenciado para o Congresso, que aprovou a lei e agora tem a batata quente nas mãos para administrar a crise.
Sim, crise. Porque se evangélicos trabalham em causa própria, como é o caso do autor da Lei, deputado Davi Soares (DEM-SP), filho do missionário R.R. Soares, até os mais conservadores eleitores de Bolsonaro, mas que estão fora das igrejas, cairiam matando, caso o presidente aprovasse esta afronta legislativa à sociedade.
Se o governo que corta gastos com educação, faz pouco caso do meio ambiente, alega não ter recursos para continuar com o auxílio emergencial, resolve perdoar dívida de igreja, o mínimo que se espera é uma guerra civil.
Bolsonaro diz que não perdoa somente porque é impossibilitado por lei. E na maior cara de pau do mundo sugere que o Congresso Nacional faça seu trabalho identitário sujo.
Com essa escorregada política, Bolsonaro se justifica com os evangélicos e ainda preserva sua imagem para o eleitor que acredita no Messias Paulo Guedes.
Enquanto isso, a crise avança, a pandemia mata mais e mais brasileiros, e o governo segue sem rumo algum, preocupado apenas em manter acirramentos e fazer política.