O presidente Jair Bolsonaro resolveu fazer uma homenagem póstuma ao cantor e compositor paraibano Francisco Ferreira Lima, mais conhecido como Pinto do Acordeon, morto em julho, aos 72 anos, vítima de câncer. A cerimônia foi realizada na tarde desta terça-feira (1), no Palácio do Planalto.
Além de autor do jingle da campanha presidencial de Bolsonaro em 2018, Pinto do Acordeon, que até vereador já foi em João Pessoa, possui vasta obra musical, porém, tem sido mais lembrado pela trajetória do que por seu legado artístico.
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Algumas das canções do paraibano são bastante controversas. Ressaltam machismo e homofobia. Se são temas que eram normalizados no tempo em que o compositor fazia sucesso, certamente não podem mais ser aceitos. Diante de tanta violência praticada no Brasil contra mulheres e homossexuais, reproduzir conteúdos que fazem galhofa disfarçada de arte reafirma a postura dos agressores.
Mas na música de Pinto, há quem diga que tudo não passa de brincadeira. Da mesma forma é o governo Bolsonaro: oprime, persegue e esconde o que é sério sob o manto de uma grande brincadeira. Quando Bolsonaro faz homenagem a Pinto do Acordeon, reforça de forma rasa sua própria imagem, e ainda posa para os seus como apoiador da cultura. Abaixo, algumas composições de Pinto do Acordeon.
Meu Noivado Com a Nega Maria Pinto do Acordeon O meu noivado com a nega Maria Se acaba todo dia já ta bom de terminar Pois a aliança já está se acabando o ouro A nega espalha no choro quando eu vou terminar Nega Maria inventou uns passatempos Só para arranjar casamento Querendo me prejudicar Vou dar no pé, vou viver num canto em paz Se gostou, gostou, se não gostou, não gosta mais Vou Botar Outra Em Seu Lugar Pinto do Acordeon Onde está você Onde está você É noite de São João Você não veio não sei porque Abra o seu coração Eu não suporto viver nessa solidão Estou cansado de esperar Já que não chegou Vou botar outro em seu lugar Maria Joana Pinto do Acordeon Maria Joana queria trabalhar Foi negociar pra ganhar muito dinheiro Ela botou uma miçanga lá na feira Em poucos dias ela era fazendeira Se ela vendia ferro ela era ferreira Se ela vendia cano ela era canoeira Ela vendia banana era bananeira Se ela vendia goiaba era goiabeira Mais quando pega no sabão era lavadeira Ela é lavadeira, ela é lavadeira As Filhas da Viúva Pinto do Acordeon Conheci uma viúva com duas filhas mimosas Belinha tão ativa e a Raimunda tão preguiçosa Belinha trabalha tanto mais não pode se casar É arrimo de família a velha diz que não dá A Raimunda preguiçosa ninguém quer lhe namorar Se acorda meio dia e já pensa em chaleirar Se alguém pede a Belinha a velha quer se zangar Manda casar com Raimunda diz que case com Raimunda E deixe a Bela onde está Só quer dá Raimunda, Só quer dá Raimunda Quem casar com uma mulher dessas preguiçosa se afunda