Pode ter faltado maturidade para que o jovem prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSDB), decidisse comprar logo no início de seu mandato uma briga com os professores da rede municipal de ensino. Talvez a pouca experiência política tenha levado o gestor para o caminho oposto ao diálogo com a categoria. Faltou sensibilidade ao homem público na condução de uma crise, em plena pandemia de covid-19, ao tentar colocar a opinião pública contra os profissionais que fazem a educação no município.
O principal motivo alegado pelos professores é de fato a insegurança diante da pandemia causada pelo novo coronavírus. Há o exemplo na categoria da professora Christianne Fátima, que era gestora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Manoel Francisco da Motta e morreu vítima de covid-19.
De acordo com a categoria, a Prefeitura Municipal de Campina Grande sequer informou como será o modelo de aulas remotas, para que possa funcionar o sistema híbrido. Os professores pedem ainda, para melhor segurança nas aulas presenciais, a garantia do fornecimento de equipamentos de proteção individual. Fora as questões relativas à pandemia, os profissionais reclamam do não pagamento do 14º salário da educação, não cumprimento das progressões e atrasos na recarga do cartão de passagem.
Além de não manter diálogo com os professores de Campina Grande, Bruno Cunha Lima minimiza a greve ao dizer que o movimento é composto por “parte de alguns poucos educadores”, conforme informado no portal da PMCG. Errado, senhor prefeito. Mais de 500 profissionais da educação participaram da assembleia que decidiu pela greve
O prefeito disse também que a greve é “descabida” e “politiqueira”, e ainda ameaçou os professores ao informar que irá acionar o Ministério Público.
Não é com terrorismo que se governa uma cidade, ainda mais diante de uma crise. Bruno Cunha Lima não poderia ter começado pior sua gestão à frente da Prefeitura de Campina Grande. “O prefeito que não gosta de professor” já pegou.