Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Cabedelo é a capital da Ômicron e da vista grossa
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Imagens foram divulgadas pela organização do evento (Foto: Reprodução/Instagram)

O município de Cabedelo foi mais uma vez protagonista do escárnio contra as medidas de enfrentamento à disseminação da covid-19 na Paraíba. A Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB) registrou ao longo da semana recordes diários de infectados pela doença. O próprio secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, afirmou, no sábado (29), que o cenário atual é o “mais contagioso de toda a pandemia”. A fala do gestor estadual foi feita durante uma reunião com representantes dos Ministérios Públicos Estadual, Federal, do Trabalho e de Contas para “discutir medidas de contenção do contágio por covid-19”. No mesmo dia foram registrados 3.670 casos da doença; no mesmo dia, Cabedelo realizou um festival de churrasco para a elite paraibana, com ingressos acima de R$ 400, onde, além de carne assada, o que mais se viu foi desrespeito às recomendações sanitárias e vista grossa generalizada por parte de todas as autoridades que não passaram nem perto.

A festa que se faz em Santa Rita com paredão de som de um carro e reunindo 50 pessoas é interrompida. Se desrespeitar os decretos estaduais em Pitimbu, Bayeux, pode esperar que logo chega alguém para encerrar a aglomeração. Com razão, claro, pois as regras precisam ser cumpridas para o bem de todos. Mas em Cabedelo, não.

A cidade começou o ano com Alok reunindo uma multidão, todo mundo sem máscara; teve o prefeito chicleteiro no Fest Verão descumprindo um TAC assinado com o Ministério Público; e no sábado, depois de tantas festas, denúncias e avisos, este bendito churrasco, justamente quando o sistema público de saúde menos precisa de lotação.

Não foi um evento pequeno, não foi escondido. Todo mundo viu, todo mundo soube. Estava nas redes sociais, em tempo real, com conteúdo gratuito produzido por centenas de pessoas.

O prefeito Vitor Hugo, que se esforça para vender a imagem de bom gestor, já foi chamado de irresponsável pelo executivo da Saúde de João Pessoa. Mas ele não se importa, contanto que as maiores festas do Estado aconteçam em Cabedelo.

A melhor parte é a desfaçatez de quem finge não ver a aglomeração em shows caríssimos, mas justifica que o hospital público da cidade opera com sua capacidade normal, como se a elite paraibana usasse o hospital do Centro de Cabedelo. Faça-me o favor, senhor prefeito! Nem quem mora em Intermares usa a saúde pública de Cabedelo. Isso é usar cinismo contra a inteligência do povo e varrer o problema para debaixo do tapete do vizinho sem a mínima responsabilidade coletiva, pois o rico que se contamina nas festas em Cabedelo vai se tratar na Unimed, no NSN, e também vai contaminar o pobre pessoense e lotar as UPAs e hospitais da capital. E só agora, depois que a temporada de shows já passou mesmo, ele resolveu editar um decreto mais restritivo.

Para quem não viu a gravidade do que estou falando aqui, o vídeo abaixo fala por si. Nem todos os que aparecem sem máscaras estão com copo de cerveja ou uma costelinha na mão. Cabedelo abriu deliberadamente as portas para a contaminação da variante Ômicron na Paraíba.

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