A força do mercado é tão grande que consegue transformar em verdade coletiva o que é bom apenas para ele mesmo. O exemplo mais recente é o carro elétrico. O marketing adotado pelas grandes montadoras passa a falsa ideia de que o uso de veículos elétricos é uma obrigação de todos em nome da preservação do planeta e redução do aquecimento global.
Na verdade essa é mais uma falácia que só visa garantir aumento dos lucros para as grandes corporações. Se o motivo para o uso de carros elétricos é a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa, significa que a conta deveria ser das montadoras que durante mais de um século venderam milhões de carros que contribuíram para isso. Mas o que se vê é exatamente o contrário, ganharam dinheiro destruindo o meio ambiente e agora querem ganhar ainda mais com o discurso de falsa salvação.
Dizemos falsa salvação porque a produção de veículos elétricos não tem absolutamente nada de compromisso com a preservação do meio ambiente. O que se verifica é uma troca do problema por outro pior. O processo de fabricação do carro elétrico degrada muito mais com exploração de minérios, uso excessivo de água e com o agravante que teremos um cemitério de baterias altamente nocivas.
Não bastassem todas essas contradições, carros elétricos ainda são carros. Logo, continuarão sendo o principal problema na mobilidade urbana, o que acarreta perda da qualidade de vida e adoecimento das cidades.
Não existem benefícios no uso de carros elétricos que justifiquem qualquer isenção de impostos, muito menos o IPVA. As montadoras já ganham absurdamente, visto que cobram praticamente o dobro dos preços praticados nos carros a combustão. Aprovar isenções é apenas uma forma de transferir recursos públicos para montadoras e concessionárias, que sempre lucraram com a venda de carros a combustão e agora querem que todos paguem a conta do mal que fizeram.
O IPVA não se destina apenas a atender as demandas dos usuários de carros. As mesmas vias e estradas por onde trafegam os carros são usadas por ônibus, caminhões, bicicletas e pedestres. Logo, não tem lógica quem mais contribuiu para degradação ambiental e o caos na mobilidade ser premiado com isenção de impostos. Aprovar isenções para privilegiados fere a coletividade. Isentar de IPVA quem pode pagar mais de R$ 150 mil em um carro é desviar a verdadeira finalidade dos recursos públicos e agir para facilitar o lucro de montadoras e concessionárias.