Era uma tarde qualquer no céu (ou o que quer que represente uma segunda-feira na eternidade), quando as nuvens começaram a se alvoroçar. Não era chuva, nem milagre. Era ele: Papa Francisco, recém-chegado, ainda com cheiro de incenso e consciência tranquila.
Na porta, quem esperava com um sorriso de canto e uma taça de vinho sacramental na mão? Fidel Castro. Sim, ele mesmo. Azul Adidas, barba de profeta e aquele jeitinho sutil de quem já organizou umas revoluções por aí.
— Bienvenido, camarada! — disse Fidel, erguendo a taça.
— Achei que ia demorar mais, mas você sempre teve esse jeito meio apressado de mudar as coisas.
Francisco sorriu, ajeitou a cruz no peito e puxou um charuto do bolso. — Acá se puede, né? No Vaticano me controlavam até pra comer empanada…
Daí começou o papo na eternidade: o papa e o comunista, brindando com vinho e baforadas de charuto, debatendo… quem realmente merece o céu.
Fidel, com sua ironia caribenha, comentou:
— Diziam que eu tava condenado ao fuego eterno. Pero veja só, nem precisei pagar indulgência. Só precisei acreditar que justiça social é mais do que caridade no Natal.
Francisco deu uma risadinha de canto:
— E yo, que disseram que era comunista infiltrado! Mal sabiam que era só cristianismo levado a sério. Isso assusta, Castrito!
Conversaram sobre os pobres, os ricos, os pastores que têm jatinhos e os fiéis que têm fome. Sobre os que usam a cruz como escudo e não como ponte. Sobre os que repetem que “esquerdista não entra no céu”, como se Deus fosse sócio do Clube Militar.
Riram. Fumaram. Brindaram. O céu, longe de ser um condomínio fechado com cerca elétrica e síndico golpista, era mais um grande centro comunitário: sem grades, mas com horta orgânica e assembleias inclusivas.
— Bora ali? — sugeriu Fidel, apontando pra uma nuvem mais movimentada.
— O que tem lá? — perguntou Francisco, enquanto ria e apagava o charuto na palma da mão (afinal, no céu, o corpo já tá glorificado, né?)
— Che Guevara, Bento XVI e Jesus estão jogando dominó. Tão numa partida quente. Quem perder lava os pés de todo mundo na ceia de amanhã.