Ninguém é contra um reordenamento. Mesmo que durante o período de transição haja algum transtorno, toda reorganização busca um bem comum. Ou ao menos assim deveria ser. Não é o caso em Cabedelo. Das muitas marcas controversas deixadas pelo ex-prefeito Vitor Hugo, uma que está rendendo bastante insatisfação entre comerciantes e moradores da cidade é a chamada pública para permissão de uso dos quiosques das praias. Com regras pouco claras e resultado surpreendente, a gestão municipal angariou apenas antipatia.
Seja em Ponta de Campina, Camboinha, Areia Dourada, até Formosa, não ouvi um único relato de comerciante que estivesse satisfeito. Com medo de serem perseguidos, eles pedem que suas identidades sejam preservadas.
“Como é que um barraqueiro que trabalha aqui há mais de 20 anos perde o ponto para quem nunca trabalhou no ramo? Tem gente com 20, 14, 12 anos de ponto aqui, todos perderam para pessoas que nem são da área. Concorremos tudo certinho, CNPJ, tudo o que pediram, e no resultado sai ‘inabilitado’, sem nenhuma explicação. É muito injusto isso daí!”
O desabafo do comerciante é comovente. Percebe-se que não houve o mínimo cuidado para regularizar a situação dos comerciantes que historicamente atuavam nas praias de Cabedelo. É preciso entender que o comerciante carrega consigo toda uma cadeia de geração de desenvolvimento na microeconomia. Além disso, são pessoas que envolvem mais pessoas, não apenas suas famílias, mas os moradores que com eles convivem.
Quem frequenta as praias de Cabedelo até poderá usufruir da nova organização, mas terá que aceitar também a imposição dos novíssimos comerciantes, pois da forma como a Prefeitura conduziu o processo, os antigos foram descartados. Uma gestão mais humana teria chamado para perto, buscado entender a situação e auxiliado na parte burocrática para que, de fato, houvesse um reordenamento pelo bem comum. Passaram longe disso.