Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Corinthians é firme contra o racismo no caso Danilo Avelar
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(Foto: Reprodução/Instagram/daniloavelar)

A rapidez com que a diretoria do Corinthians decidiu desligar do seu elenco o jogador Danilo Avelar foi mais que exemplar. Trata-se de um recado direto a todos os integrantes do clube e serve de exemplo para além do mundo do futebol. Atitudes racistas não devem ser toleradas sob hipótese alguma.

É difícil acreditar que outros clubes brasileiros teriam agido com a mesma intensidade contra um jogador racista. Há muitas formas de se resolver o problema quando a empresa quer acobertar um ato racista: nota, pedido de desculpas, compromisso público. São diversos os caminhos para se evitar o prejuízo ao investimento. Mas para uma instituição que realmente se preza como antirracista há apenas um caminho contra racistas: expulsão dos quadros.

Da mesma forma, vindo do Corinthians, não se esperava comportamento diferente. Estamos falando do time que teve participação histórica na redemocratização do país, com posição firme contra o regime militar; o mesmo que se posicionou contrário à eleição do presidente Jair Bolsonaro. Assim como o Flamengo, o Corinthians também abarca uma nação de torcedores. Porém, diferente do Rubro-Negro, tem respeito à sua história.

O Corinthians não se esconde quando o debate envolve questões sensíveis à coletividade. Da mesma forma atua como protagonista em defesa dos direitos coletivos, por liberdade e justiça social.

No caso de Danilo Avelar, a rescisão contratual envolve perdas financeiras. O clube ainda deve uma segunda e última parcela de 750 mil euros (R$ 4,4 milhões) à Torino, da Itália, equipe detentora dos direitos do jogador. A primeira, de igual valor, foi paga no início deste ano. O dano à imagem do time seria muito maior, e precisamente por isso o Corinthians sai gigante do episódio.

Não teve choro, reza, tampouco ninguém para passar pano. O ato racista aconteceu na noite da terça-feira (22), durante uma partida on-line do jogo para computadores Couter-Strike. Avelar xingou um usuário de “Fih [filho] de rapariga preta”. O jogador chegou a pedir desculpas publicamente, o que não foi suficiente para aplacar a política de tolerância zero contra racistas no clube.

“O Corinthians reafirma que repudia toda e qualquer manifestação de conotação racista, coerentemente com sua história de defesa da igualdade e da democracia”, disse o clube por meio de nota, já na quarta-feira (23). Em menos de 24h do fato, a equipe jurídica do Corinthians e os agentes do atleta já discutiam os termos de sua rescisão.

Danilo Avelar foi contratado em 2018 como lateral esquerdo, mas entre 2019 e 2020 passou a atuar como zagueiro. O defensor tem 110 jogos com a camisa do Corinthians e marcou 12 gols. Ele fez parte do elenco campeão do Paulistão de 2019. Atualmente se recupera de uma lesão no joelho direito, com previsão de retorno para agosto.

A resposta dura e ágil do clube no caso é mais que necessária para mostrar que o racismo deve ser intolerável.

Texto publicado originalmente na edição de 25.06.2021 do jornal A União.

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