Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Cresce pressão contra o aumento do preço da passagem de ônibus em João Pessoa
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Sintur-JP alegou surpresa no movimento dos motoristas contrários ao aumento da passagem (Foto: Reprodução/Semob-JP)

Até quem historicamente sempre foi a favor do aumento do preço da passagem de ônibus em João Pessoa percebe que na atual conjuntura de grave crise econômica não cabe reajuste. Ontem (24), motoristas de ônibus pararam o trânsito do Centro da capital em protesto que, dentre as reivindicações, estava o surpreendente posicionamento contrário à elevação da tarifa.

Não que os motoristas em outros momentos tivessem pedido para subir o preço da passagem. Mas os aumentos sempre aconteciam após um protesto da categoria pedindo melhores condições de trabalho. E vinha sendo assim há pelo menos 20 anos, desde quando Cícero Lucena foi prefeito pela primeira vez. Um mesmo roteiro que, de tão repetido, parecia orquestrado. Previsível como a campanha de Dia das Crianças da Casa Pio. Todo ano em João Pessoa podia faltar até a Monga, mas Pá-Pé-Pio e aumento no preço da passagem eram certos.

Então, se era acordado o roteiro com o protesto dos motoristas, dessa vez faltou combinar. A história se repetiu por muitos anos com a mobilização da categoria, seguida pela justificativa do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de João Pessoa (Sintur-JP) sobre aumento dos custos e culminava na mesa do Conselho Tarifário com todos os órgãos, com exceção dos estudantes, votando por elevar o preço da passagem.

A crise econômica, gravemente acentuada pela pandemia de covid-19, mostra aos motoristas que aumentar o preço da passagem é ruim até pra eles. São anos seguidos de reajustes acima da inflação. O pessoense paga caro por um serviço de trajeto curto, em veículos lotados e sem conforto algum. Apesar de o Sintur-JP justificar que a frota é nova, o argumento morre apenas na quilometragem. Ônibus novo em João Pessoa é como se o usuário entrasse numa concessionária e comprasse um jipe Bandeirantes da década de 1970, porém zero quilômetro. Sim, os ônibus são recém-fabricados, porém em cima de projetos de veículos com suspensão dura, ultrapassados, sem ar condicionado, e as empresas sequer apresentam suas planilhas de lucros, apesar de ganharem em cima de uma concessão pública. Mostrar só os custos é muito fácil.

É verdade que o setor acumula perda de passageiros, ano a ano. Claro, com o serviço ruim e preço alto, o usuário percebeu que é mais vantagem andar de moto, ou até rachar um uber sai mais barato do que andar de ônibus. Só anda de ônibus em João Pessoa quem não tem outra alternativa. Elevar o preço da passagem só vai servir para castigar ainda mais profissionais e passageiros que dependem do serviço. Como o próprio prefeito Cícero Lucena prometeu durante a campanha que não faria reajuste, resta aguardar.

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