Parecia uma cantilena. Quem acompanhou a atuação dos parlamentares na Câmara dos Deputados ao longo da última Legislatura muito provavelmente viu o então deputado federal Frei Anastácio (PT-PB) falar em Plenário sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil. É possível que outros tenham feito protestos semelhantes, pois foi durante o Governo Bolsonaro que a ‘boiada’ passou com a aprovação para uso no país de outros 2 mil novos tipos de venenos que, no fim das contas, terminam na nossa mesa. O diferencial do Frei em relação aos demais era a constância. O parlamentar passou 4 anos batendo no tema. Uma voz que hoje faz falta.
Na última terça-feira (28), me surpreendi positivamente com o discurso do deputado Chió (Rede) na sessão da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), alertando sobre o tema. Chió ressaltou o declínio das políticas no Brasil durante o governo do ex-presidente, que liberou o uso de venenos proibidos nos Estados Unidos e na Europa. O parlamentar paraibano também chamou a responsabilidade para o Legislativo estadual, a fim de que seja feito o devido enfrentamento, e ressaltou a importância de “pautar uma agricultura e agropecuária com menos uso de insumos, com baixo ou nenhum uso de agrotóxicos para que a gente possa melhorar a alimentação e ajudar o povo a ter mais saúde”.
Parece óbvio defender que as pessoas tenham o direito a uma alimentação mais saudável. Porém, o óbvio não vem sendo dito, e vez por outra surge uma ou outra voz solitária para dar os devidos nomes aos bois. No caso dos agrotóxicos, diferentemente do que dizem os grandes operadores do agronegócio, o termo correto a ser aplicado no lugar de “defensivo” é veneno mesmo.