Estagnado há meses nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial, o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) pode ter proporcionado a primeira derrota ao seu partido, mesmo que ainda na pré-campanha. Ao término da janela partidária, prazo permitido para que parlamentares troquem de legenda sem o risco de punição por infidelidade, o PDT foi o partido que mais perdeu parlamentares na Câmara dos Deputados.
O chamado ‘Efeito Ciro’ já era previsto. O presidenciável não sai de um dígito nas intenções de voto e não é identificado como opção para uma possível terceira via diante da polarização entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). A bancada do PDT na Câmara passou de 28 para 20 deputados.
Além dos problemas existentes, a campanha de Ciro desandou de vez quando o político decidiu mudar o alvo de seus ataques. Antes ele detonava exclusivamente o governo Bolsonaro, mas depois passou a enxergar apenas Lula, líder absoluto em todas as pesquisas.
De tanto bater em Lula e não sinalizar qualquer possibilidade de retirada de sua candidatura, Ciro causou a debandada que já vinha sendo anunciada. Com um palanque presidencial tão complicado e a popularidade de Lula só crescendo, Ciro mais atrapalharia do que ajudaria seus colegas de partido. Foi por sobrevivência política que a maior parte deles resolveu sair, incluindo o paraibano Dr. Damião, agora filiado ao União Brasil.