Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
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Eleições 2022 II
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(Foto: Ricardo Stuckert)

Como eu já havia previsto, o segundo turno das eleições foi disputado voto a voto. A vantagem conquistada por Lula no primeiro turno, pouco mais de 6 milhões, caiu para pouco mais de 2 milhões de votos. Uma queda estrondosa, muitos votos tirados em muito pouco tempo. Os brasileiros acompanharam a apuração de pé, em frente a televisão, de braços cruzados ou com a mão no queixo. A eleição foi de recordes e, a diferença de votos entre os candidatos, foi a menor já registrada em um pleito na História do Brasil.

Bolsonaro bateu seu recorde, pela primeira vez na história do Brasil, quebrou a regra da reeleição. Historicamente, desde a emenda da reeleição no governo FHC, todos os presidentes conseguiram ser reeleitos. Foi assim com o próprio FHC, com Lula, Dilma (embora tenha sido destituída), mas não foi com Bolsonaro. A diferença de votos no segundo turno, por ora, nos revela que Bolsonaro perdeu por incompetência. Penso que se tivesse feito o mínimo esperado por um presidente, mantido o decoro que o cargo exige, teria sido reeleito facilmente.

Lula por sua vez trouxe seus recordes: tornou-se o primeiro presidente do Brasil a ganhar 3 eleições e bate outro recorde que já era seu: é o presidente mais bem votado da História do Brasil. Após a vitória, fez seu pronunciamento à nação prometendo governar para todos, não só para seus eleitores, talvez fazendo uma alusão a Bolsonaro que quando se pronunciou em sua vitória afirmou que “a minoria tem que se curvar à maioria.” Horas depois o presidente eleito recebeu congratulações de várias autoridades internacionais, reconhecendo o pleito democrático.

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Três dias após o pleito eleitoral de 2022, entretanto, continuamos a assistir a pessoas afirmando que o candidato Bolsonaro ganhou, continuamos a assistir a pessoas pedindo intervenção federal nas ruas. Compreendo que seja duro perder um pleito, a democracia às vezes é mesmo dura, principalmente em um pleito recorde de diferença de votos. Mas isto é democracia e o dever de um democrata é aceitar a decisão da maioria, é respeitar a legalidade e a constituição que rege o país e a nação. O direito de protesto é legitimo, mas a direita que tanto criticou o movimento sem terra de promover bloqueios, impedindo o direito de ir e vir, chamando-os de vagabundos por fazer protestos dias de semana, hoje faz a mesma coisa. O direito de protesto é legitimo, mas a direita que tanto criticou o movimento de esquerda de defenderem ditaduras, de promoverem quebra-quebra, chamando-os de desordeiros por defenderem seus pleitos, hoje faz a mesma coisa. No fim, aqueles que tanto chamavam petistas de fanáticos, míopes, hoje se comportam e fazem a mesma coisa…

Para mais de 60 milhões de brasileiros talvez, Lula não seja a mudança que buscam, mas só a oportunidade para que façam a mudança. É preciso resistir à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há muito tempo. Talvez esta eleição nos mostre apenas que “há Lula no fim do túnel”. Torcemos para que a democracia seja defendida, para que a legalidade seja defendida.

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