Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Eleitorado de João Pessoa confirma rejeição ao grupo de Ricardo Coutinho
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Grupo do ex-governador Ricardo Coutinho (à esquerda) saiu novamente derrotado nas eleições (Foto: Reprodução/Instagram)

O ex-prefeito de João Pessoa e ex-governador Ricardo Coutinho (PT) sofreu mais uma derrota eleitoral no pleito deste ano. Na eleição de 2020, concorrendo ao cargo de prefeito, ficou em sexto lugar. Ali ele ainda amargava os danos causados pela Operação Calvário. Como se tratava de sua primeira derrota nas urnas, alegou diversos fatores externos a fim de afastar de si a alcunha de derrotado. Assistiu de longe ao segundo turno entre Cícero (PP) e Nilvan Ferreira. Na eleição seguinte, em 2022, disputando o cargo de senador, Ricardo foi intransigente, sustentou a candidatura mesmo sabendo que estava inelegível. Terminou em terceiro lugar e entregou uma derrota não só pessoal, mas a todo o campo progressista que se dividiu entre ele e Pollyanna Dutra (PSB). Naquela eleição, a imposição de Ricardo ajudou a eleger o senador Efraim Filho (União Brasil).

No histórico recente, esta é a terceira vez que Ricardo divide a esquerda e termina por favorecer a extrema-direita. Dividir a esquerda em prol de seus projetos pessoais faz parte da história de Ricardo Coutinho, mas isso é assunto para outra publicação. Nestas eleições, ele bem que poderia ter ficado de fora. Após costurar o golpe contra o PT local em favor de seu candidato Luciano Cartaxo (PT), colocou a esposa Amanda Rodrigues de vice na chapa e, achando pouco, participou ativamente da campanha. Tanto que por vezes o guia eleitoral mais parecia servir para ressuscitar seu legado do que propriamente para tentar elevar quem de fato era candidato.

Da parte do ex-prefeito Luciano Cartaxo, se ele errou ao concordar com o golpe contra a instância local, erro maior ainda foi se juntar com Ricardo Coutinho. Não à toa aparecia em diversas pesquisas como o candidato mais rejeitado de todos. É difícil acreditar que a rejeição a Cartaxo tenha a ver com o alinhamento à politica nacional, visto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não fez tanta questão de pedir votos na campanha em João Pessoa. A rejeição a Cartaxo foi majoritariamente puxada por Ricardo Coutinho.

E se havia dúvidas ao longo da campanha mesmo com todas as pesquisas apontando para o iminente desastre, a urnas confirmaram a rejeição do eleitor de João Pessoa ao grupo de Ricardo Coutinho. Nem uma cadeira na Câmara Municipal de João Pessoa conseguiram alcançar. A candidata do grupo, Estela Bezerra (PT), ficou de fora. O único eleito pelo partido foi Marcos Henriques (PT), apoiado pela deputada Cida Ramos (PT).

Como se comportarão os antigos traidores?

Novamente reunido, o Partido dos Trabalhadores em João Pessoa decidirá qual posicionamento irá assumir no segundo turno. Antes vistos como traidores, Ricardo, Cartaxo, Amanda e Estela têm agora a oportunidade de fazer diferente. Quando foram derrotados em 2020, defenderam voto nulo; em 2022, mesmo com o governador João Azevêdo (PSB) compondo a base de Lula, pediram voto para Pedro Cunha Lima (PSDB), com Amanda assinando carta de desfiliação e tudo. Surpresa será se Ricardo Coutinho e seu grupo mostrarem grandeza junto ao partido, acatando a decisão coletiva.

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