O que pensa o Termômetro da Política
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Entre mortos e falidos, Bolsonaro tripudia de todos
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(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A pandemia atingiu seu pior momento. Em 2020, muitos imaginavam que o problema seria algo que se resolveria em poucos meses e que a economia voltaria à atividade normal. Há um ano atrás, as principais cidades do país promoveram medidas restritivas severas, com o intuito de diminuir a circulação das pessoas de forma significativa e conter a propagação do vírus.

Naquele momento o sistema de saúde não tinha conhecimento, nem estrutura para lidar com a crise, e a medida urgente foi o fechamento de muitas atividades. A Paraíba conseguiu administrar razoavelmente a situação, na medida em que não houve colapso nas unidades de saúde ao ponto de termos pessoas morrendo por falta de atendimento, seja em leitos de enfermaria ou UTI.

Mas a “gripezinha” era bem mais que isso. O presidente em sua ignorância suprema resolveu tratar com desdém a pandemia. Além de não produzir ações efetivas para conter a pandemia, transformou-se no sabotador nacional das medidas de proteção e isolamento. Em suas aparições diárias, defendeu o uso de medicamentos sem comprovação científica, estimulou o desrespeito ao uso de máscaras, editou decretos que permitiam a aglomeração e desqualificou as vacinas como medida de imunização.

Como se não bastasse, resolveu promover uma batalha política com os prefeitos e governadores. Cotidianamente tentava lhes responsabilizar pelo fechamento de empresas e postos de trabalho. A conta da incompetência de Bolsonaro era tão grande que ele resolveu terceirizá-la de forma desleal. Os gestores municipais e estaduais, que são os que sentem de perto a realidade da saúde pública, ainda tinham como maior opositor o presidente da República.

Após pressões no Congresso, teve que ceder ao pagamento do auxílio emergencial, abertura de linha de crédito para empresas e benefício para redução ou suspensão contratual. Tudo isso sempre às custas de muito enfrentamento e pressões da opinião pública. Em momento algum o presidente Bolsonaro agiu de maneira proativa para antecipar ações que reduzissem o caos em que o país vivia e vive.

Muito pelo contrário. Na sua função, utilizou dos mecanismos de comunicação e instrumentos do Executivo para amplificar os problemas ao ponto de chegarmos em 2021 sem qualquer rumo no que diz respeito ao controle da pandemia, como também, à falta de medidas de socorro às empresas para manutenção dos seus negócios e empregos.

As vacinas foram negligenciadas e atacadas o tempo todo. Toda experiência que o Brasil acumulou nessa área de nada serviu para promover ações pelo Governo Federal que colocassem o país numa situação de destaque no processo de vacinação. Ao invés de amargarmos a pior situação mundial na pandemia, estaríamos saindo antes dos outros e aproveitando o momento para resgatar nossa economia e a qualidade de vida da população. Mas Bolsonaro fez o contrário, mirou sempre em levar a todos para o fundo do poço que ele construiu.

Diante da atual situação, mesmo com os dados alarmantes de mortes e infectados pelo vírus, Bolsonaro continua a transferir responsabilidades. De maneira desonesta, tenta colocar, mais uma vez, na conta dos prefeitos e governadores, obrigações que são exclusivas do presidente da República.

Enquanto os gestores locais tentam conter a pandemia com restrições sanitárias, Bolsonaro faz ataques, promove o desrespeito aos decretos e ainda ameaça que irá excluir do auxílio emergencial cidades e estados que promovam lockdown. Algo que sabe que jamais poderá fazer.

O que Bolsonaro esconde é que só a União recebe recursos de milhões de empresas destinados à Previdência e seguridade social. Também, só a União pode produzir déficit fiscal para socorrer as empresas com subsídios e linhas de crédito. Em outras palavras, o custo do lockdown e do isolamento social são do Governo Federal.

Se o presidente do Brasil não sabe seu papel ou não tem competência para gerar políticas que resguardem empregos e empresas, copie de outros países. Faça como Biden, que em pouco mais de um mês mudou o cenário nos Estados Unidos com intensificação da vacinação, fim do debate via mídias sociais e aprovação de um pacote de quase dois trilhões de dólares para ações contra a pandemia, amparo dos trabalhadores e socorro às empresas.

Cabe também aos empresários deixarem de seguir o discurso irresponsável de Bolsonaro e cobrar dele que cumpra suas responsabilidades. Embarcar na política do todos contra todos que ele promove diariamente, além de burrice, mostra falta de empatia num momento que se espera exatamente o contrário. Enquanto todos não entenderem que depois do vírus o maior inimigo está no Planalto, Bolsonaro continuará a tripudiar dos mortos e falidos, com suas mentiras diárias que só contribuem para desgraça de todos.

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