Quando uma menina está querendo curtir de boa o São João no Parque do Povo e precisa dar um perdido num rapaz mala sem alça, ela diz que vai “ali buscar uma caipifruta” e não volta nunca mais, deixando o ingênuo a esperar até que a chama da fogueira se apague. Foi mais ou menos isso que fez a experiente em festa junina, senadora Daniella Ribeiro (PSD). O dito pitu, entretanto, não foi em alguém que estivesse cortejando-a, mas no presidente Jair Bolsonaro (PL).
Daniella é aliada do presidente, mas na atual situação, há conflito de interesses. Para Bolsonaro é importante circular, pois sua campanha à reeleição enfrenta um derretimento devido à crise econômica agravada pela inflação sem controle, desemprego e ainda o preço dos combustíveis acima de qualquer patamar antes visto. Por outro lado, como se diz aqui na Paraíba, andar com Bolsonaro é “sujeira”. Enquanto o presidente precisa de seus aliados nos estados, estes se escondem como quem não atende à campainha para evitar uma visita indesejada.
A senadora Daniella Ribeiro aproveitou a viagem de Bolsonaro à Cúpula das Américas e já fez a social no Maior São João do Mundo com o presidente em exercício, senador Rodrigo Pacheco (PSD). Ao tempo em que mostrou sua força política, Daniella aproveitou para despistar Bolsonaro, o que poderia até atrapalhar na eleição de seu irmão, Aguinaldo Ribeiro (PP), cotado para ser o senador de João Azevêdo (PSB).
Independente de Bolsonaro ir ou não ao São João de Campina Grande, Daniella já não tem mais a obrigação de recebê-lo. Pode deixar essa batata quente com o prefeito Bruno Cunha Lima.
Quem está aperreado pelo mesmo motivo e não conseguiu até aqui uma boa desculpa é o deputado federal Hugo Motta (Republicanos). Bolsonaro pode até furar a festa em Campina, mas já mandou dizer que não perde o São João de Patos.