Jornalista, internacionalista e empreendedora.
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Eu Posso: minha experiência com o programa de microcrédito da PMJP
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(Foto: Grazielle Uchôa)

Empreendedores e empreendedoras, uni-vos! Compartilhar informações é a forma mais fácil de potencializarmos resultados e minimizarmos os fracassos. Se você já faz isso com a rede de empreendedores que você conhece, parabéns! Se não faz, está perdendo a chance de aprender e crescer junto com outras pessoas que enfrentam jornadas semelhantes às suas. Hoje, eu compartilho um pouco da minha experiência com o objetivo de colaborar com o máximo de pessoas possível, dando aqui a minha mais sincera opinião, sem nenhum tipo de viés político.

Pois bem, se você, assim como eu, não sabia, existe uma linha de microcrédito da Prefeitura de João Pessoa voltada aos pequenos negócios da cidade: trata-se do programa Eu Posso. Todos os meses, são disponibilizadas 100 vagas para a adesão ao programa, que conta com algumas etapas: a entrega da documentação, a elaboração do Plano de Negócio, o curso de qualificação, a vistoria, a análise de crédito e, por fim, a assinatura do contrato. Todo o processo, ao menos no edital em que participei, levou um mês.

As condições são as melhores possíveis. Os juros são menores que 1% e há uma carência de três meses para o início do pagamento, após o depósito em conta. Além de publicizar essa iniciativa, que beneficia muito os pequenos negócios, eu gostaria de destacar a percepção que tive ao longo do processo, em relação à forma como ele é gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de João Pessoa.

No primeiro dia, o de inscrições, chega-se muito cedo para garantir uma ficha (eu cheguei em torno das seis da manhã, fica a dica!). Cadeiras já ficam enfileiradas embaixo de um tenda à espera dos empreendedores. Paciente e educadamente, os servidores sanam as dúvidas de todos e iniciam a conferência dos documentos exigidos pelo edital. A espera pode ser longa e me surpreendeu a gentileza com que fomos tratados, tendo nos sido oferecido um lanche, no meio da manhã.

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Nessa etapa, no entanto, pude perceber que existiram algumas informações desencontradas entre quem atendia na fila e quem atendia já no ato da inscrição. Ouvi relatos de pessoas que, na falta de documentos, foram autorizadas pelos servidores a voltarem no dia seguinte para regularizarem e finalizarem a inscrição, fato que foi refutado por outro servidor, que conferia a documentação de todos antes da entrada no prédio, já no dia seguinte. Acredito que houve uma boa vontade dos servidores que trabalhavam internamente, no sentido de ajudarem aqueles que não conseguiram entregar todos os documentos, mas considero problemática a ideia de abrir-se exceções em um processo como este.

Essa é, contudo, a única observação negativa que eu faço sobre a condução do processo. Da primeira à última etapa, pude perceber uma postura coletiva de acolhimento, respeito e colaboração da equipe da Secretaria em direção a todos os empreendedores. O mesmo atendimento gentil e solícito que recebi, identifiquei com as pessoas ao meu lado. Eu não mentiria, fiquei verdadeiramente surpreendida.

Durante o curso de qualificação, etapa obrigatória, pudemos conhecer mais sobre os idealizadores e os operadores do programa. Assim como a própria secretária, Vaulene Rodrigues, são jovens, em sua maioria, oriundos da iniciativa privada. Acredito que isso explica muito do que pude sentir ao longo desse processo: uma preocupação genuína com a eficiência do EU POSSO, no sentido de que ele cumpra com objetivos não só quantitativos, mas qualitativos. Suponho que haja um planejamento estratégico em ação e, ao meu ver, ele está sendo bem executado.

Os pontos de contato, através do email, telefone e pessoalmente, para mim, foram irretocáveis. Passei por todas as etapas munida de informação sobre a importância de cada uma delas e ciente das que viriam em seguida. Objetivamente, não tenho muitos outros apontamentos sobre a minha experiência, todo fluiu muito bem. É no universo do subjetivo, todavia, que reside a minha maior ressalva. É no lugar dos olhares, das conversas informais, nos gestos, que fui mais surpreendida. Nessa aura que parecia circundar todos os envolvidos, como se todos nos vissem como de fato somos: guerreiros, que só precisam de um “empurrãozinho”, que só precisam ser vistos, ouvidos, impulsionados. Isso me emocionou.

Já falei nesta coluna sobre a solidão da mulher empreendedora. Já contei também sobre o doloroso processo que, a priori, me levou a empreender. Só eu sei os sacrifícios decorrentes disso até hoje. Mas nesse lugar improvável (justamente no serviço público, onde tanto sofri), me senti vista, acolhida, apoiada. Devo dizer: O valor do crédito é de grande valia, mas há algo maior, intangível, que eu gostaria de enaltecer. Há uma humanidade no trato, um empenho em contribuir, que não deveria ser raro, mas o é. Portanto, agradeço aos envolvidos por fazerem isso acontecer.

Por fim, é claro que eu não seria ingênua em negligenciar o capital político que esse tipo de programa envolve. Ainda assim, sem removê-lo da equação, me sinto feliz em poder congratular todos que fazem a Secretaria. Saliente-se, inclusive, que não conhecia ninguém de lá. Ou seja, minha experiência, suponho, foi a mesma que a de todos os demais, o que me alegra ainda mais!

Sendo assim, empreendedores e empreendedoras, uni-vos e correis para fazer suas inscrições.

(Foto: Grazielle Uchôa)
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