Antes de tudo, pernambucana. O jornalismo me escolheu, amo contar e ouvir histórias.
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Eu sempre vivi de paixões, mas recentemente descobri o que era amar
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Não dá para explicar o porquê de amar alguém, a gente começa a gostar e ponto. De um uma simples interação pode se despertar o sentimento, com um gesto, um encontro, uma troca de olhares em uma mesa de bar. De repente aquela pessoa toma uma espaço na sua vida que nem existia, e onde tudo era singular passa a ser plural. Eu sempre vivi de paixões, mas recentemente descobri o que era amar.

Prelúdio: Terceiro dia em Portugal (Foto: Heloísa Holanda)

Preciso admitir que sou uma boba por romances idealizados, se me perguntam “Qual é o seu gênero de filme favorito?” “Comédia romântica”, “Gênero literário favorito?” “Romance”, “Gênero musical favorito?” “As antigas da MPB, falando de amor…”. Não consigo evitar, acreditar no amor me faz vislumbrar um futuro bonito. 

Tenho como uma forte referência os meus pais, o tipo de amor que perdura pelos anos com brilho forte nos olhos, onde se vê o cuidado nos pequenos detalhes, surpresas sem a necessidade de datas especiais, celebrar as conquistas juntos, implicâncias com gracinhas, afinal, quem nunca arengou com quem ama? 

Quando escutava Exagerado, canção de Cazuza, sempre me identificava com o trecho que dizia “adoro um amor inventado”, eu me distraia criando cenários, enxergava em pessoas uma versão delas que nem existia, pura ilusão. Mas agora vejo como é bom viver na plenitude do sentimento, descobrir o amor na sua forma mais simples, vivenciar o que é a entrega, a preocupação pelo outro e de fato desejar uma vida a dois. 

É curioso pensar em como aconteceu, foi um conjunto de acasos. Estava na segunda semana de um intercâmbio, tinha passado em uma seleção da universidade para estudar Portugal, um semestre em outro continente. E dentro dessa experiência, o Erasmus, Programa de Mobilidade da União Europeia, organiza eventos de integração para os alunos que estão chegando. As dinâmicas são diversas, jantares temáticos, caça ao tesouro, tour pela cidade, karaokê, e no meio disso tudo minha bateria social já estava acabando, queria viver novas experiências, me permitir, mas tenho que confessar, sou uma velha de 25 anos. 

No dia de um speed meeting, que funciona quase como um encontro às cegas, eu estava desmotivada para sair de casa, me sentia cansada, tinha passado o dia fora, estava pronta para tomar um banho e dormir. Mas duas colegas de apartamento italianas fizeram a minha cabeça e resolvi sair, nisso arrastei minha amiga brasileira comigo. 

Do lado dele, era seu último dia na cidade antes de fazer um Erasmus, pois é, ele também tinha passado em uma vaga para estudar fora, mas na França. Ia se mudar no dia seguinte e ainda não tinha feito as malas. Não era momento de sair, fora que esse evento era para os alunos que chegaram nesta cidade de Portugal, não para os que já eram alunos de lá e iam fazer intercâmbio fora. Resumindo, ele entrou de penetra e nem tinha tempo de estar saindo, fora que, assim como eu, é um jovem idoso com preguiça de socializar. 

Chegando no local o evento funcionava da seguinte maneira, havia mesas com alunos de diversos países diferentes, como eram muitos idiomas no geral falávamos em inglês. Em média, ficavam 8 pessoas por mesa e quando um timer tocava, metade das pessoas tinha que seguir para a mesa da frente, e assim continuou durante a noite. 

Na minha 5ª mesa sentei onde ele estava, tinha alguma coisa ali que não dava para explicar. Estávamos sentados com uma pessoa entre os dois, mas em algum momento parecia que não havia mais ninguém ali fora a gente, sintonia pura, riso frouxo e atração instantânea. E esse encontro continua 5 meses depois.

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