O encontro entre Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na manhã desta sexta-feira (21) agitou esquerdistas, insuflou as viúvas do ninho tucano, tirou lágrimas dos iludidos pela terceira via – seja a liberal pura ou a liberal odiosa travestida de progressista -, e, acima de tudo, fez tremer as hostes bolsonaristas.
A angústia da extrema direita sobre a união entre dois expoentes políticos de um Brasil que viveu em pleno Estado Democrático de Direito está justamente na pauta do encontro. Ex-presidentes da República reunidos pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, por um interesse comum: a retomada do caminho do desenvolvimento para o país pela via democrática.
Jair Bolsonaro (sem partido) flerta com o autoritarismo, põe seus seguidores contra as instituições democráticas e ameaça o processo eleitoral, caso não seja alterado. Como se não bastasse, também é responsável pela tragédia da pandemia de covid-19 no Brasil, que acumula quase 16 milhões de infectados pela doença e caminha para 500 mil mortes. Muitas delas evitáveis, se o presidente não conduzisse o país pela rota do negacionismo à ciência, além da falta de planejamento para compra das vacinas que, se tivessem chegado a tempo, poderiam ter protegido milhares de brasileiros. Bolsonaro é culpado pelas mortes, assim como pelo agravamento da crise econômica e desemprego recorde, reflexos de uma nação afundada na má gestão na pandemia.
FHC e Lula não se encontraram a fim de fechar acordo político com projeção de chapa para as eleições presidenciais de 2022. Lula será o candidato do PT, disso não resta dúvida. O PSDB, Fernando Henrique já disse que terá candidato próprio. Um ou outro que dispute eventual segundo turno contra o atual ocupante do cargo no Palácio do Planalto terá apoio mútuo.
Juntos, Lula e FHC deram o recado de que há um mal maior a ser vencido no Brasil. Nunca foram aliados, pelo contrário. Em todos os anos em que governou, o PT se opôs ao projeto político do PSDB de forma enfática. O conceito de “nós contra eles” não foi criado por Bolsonaro. No entanto, a disputa antes estava entre projetos políticos antagônicos, porém com foco nas bases sociais e, de maior ou menor forma, na redução da desigualdade.
A junção das principais forças políticas do país mostra que se opor a Bolsonaro está acima de interesse político. O projeto em questão é democracia versus autoritarismo, ou o resgate de um Brasil que já chegou ao fundo do poço em mortes, desemprego, crise e até a volta da fome. Lula e FHC dialogam por um país que precisa urgentemente ser salvo.