Muito comum no mundo do futebol, o termo “nó tático” é aplicado quando um treinador arma seu time de forma a inutilizar todas as armas do adversário. Costuma acontecer quando o desarmado é apontado como favorito e se perde a partir da estratégia empregada pelo adversário. Na política paraibana, pode se dizer que o governador João Azevêdo (PSB) deu um nó tático no seu adversário, Ricardo Coutinho (PT), ao escolher Pollyanna Dutra (PSB) para o cargo de senadora na sua chapa.
Apontado como favorito em todas as pesquisas, Ricardo vinha surfando sozinho na disputa para o Senado por ser o único pré-candidato do campo progressista. Ele sabe que está inelegível e deve sustentar sua candidatura até o limite, quando precisará colocar um substituto. Como única opção do lado de Lula, seu substituto herdaria os votos por também ser a única alternativa à esquerda.
Até que João coloca no xadrez político o Fator Pollyanna. Sua pré-candidata ao Senado não é uma mulher qualquer, tampouco entra na briga para tapar buraco. Além de disputar para ganhar, Pollyanna não deixa qualquer dúvida sobre de que lado está: tem sua história política ligada ao campo progressista, sempre lutou no enfrentamento às desigualdades e para melhorar a vida dos mais pobres.
Quando prefeita de Pombal, era comum se ouvir em Brasília sobre a “prefeita de Lula”. Isso acontecia porque fora justamente ela a escolhida pelo ex-presidente e pré-candidato à Presidência para representar o Brasil na Assembleia Geral das Nações Unidas como gestora que mais executou as políticas do Governo Lula para redução da pobreza, sendo o município de Pombal, sob sua gestão, exemplo para o mundo.
E se havia alguma dúvida a respeito da candidatura de Pollyanna ser mesmo à esquerda por conta de seu marido, o Barão, vir a favorecer a chapa do PL no caso de sair candidato a deputado estadual com o espólio político da esposa, o risco caiu por terra. Barão, que faz questão de dizer que nem gosta de Bolsonaro, entrou no partido do presidente da República antes, em 2015, enquanto Bolsonaro se elegeu pelo então PSL, hoje União Brasil, em 2018, e só depois migrou para o PL. Diante da conjuntura, Barão retirou sua pré-candidatura.
A disposição de Pollyanna em disputar o Senado sem fazer uso da prática comum de muitas famílias da política paraibana, que é guardar o cargo menor com um familiar, mostra grandeza, coragem, e confirma um perfil diferente daquele baseado em interesses pessoais e familiares que o eleitor costuma ver. Ponto para João, aperreio para Ricardo. E Pollyanna se apresenta como alternativa viável para o Senado.