A boa notícia dessa semana para o cinema paraibano foi a chegada do filme ‘O Nó do Diabo’ no catálogo da plataforma de streaming Amazon Prime. O longa foi exibido em 2017 no formato de minissérie pela TV Brasil e lançado nos cinemas no ano seguinte.
Vale muito a pena assistir!
Reproduzo abaixo trecho da crítica que escrevi para o portal A União na semana em que o filme esteve em cartaz em João Pessoa.
Cinco histórias, cinco atos, todas tendo o racismo como fio condutor. Em ‘O Nó do Diabo’ (128min, 2017), a segregação por raça e classes presente na sociedade brasileira é mostrada em uma linha do tempo com grandes atuações, um enredo bem entrelaçado e, como pano de fundo, terror dos bons.
O filme é dirigido por Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi, com produção de Mariah Benaglia, Lucas Salgado e Fabiano Raposo. Rodado em sua maior parte no município de Pilar, a 55 km da capital João Pessoa, o longa traz grandes nomes paraibanos no elenco, como Fernando Teixeira e Everaldo Pontes.
Os cinco contos têm como ponto de partida um casarão, sempre defendido por seu dono, ou a mando dele. A cada geração, uma nova história de violência, perseguição e racismo. Os contos são apresentados em uma linha temporal regressiva, levando o espectador a um mergulho na história do Brasil, tão repleta de elementos de horror. Em todos, Fernando Teixeira interpreta o patriarca, que com orgulho, até nos momentos mais recentes da cronologia, se vangloria das torturas praticadas contra os negros que passaram por seus domínios.
Se as atuações são o ponto alto do filme, a construção dos personagens também é de encher os olhos, algo difícil de se alcançar em tiros curtos, como são os episódios. Dor, sofrimento, loucura, fé e misticismo são elementos visíveis e bem representados que compõem as particularidades de cada ser. No caso de Fernando Teixeira, patriarca da família Vieira, é possível perceber elementos que diferenciam os personagens ao longo das gerações, apesar das similaridades dentro de uma persona vil.