O governo federal sabia dos riscos de se realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em meio à pandemia de covid-19. No domingo (17), primeiro dia das provas da edição 2020, o Brasil já passava de 209 mil mortos e 8,4 milhões de infectados pela doença. Em 13 estados do país a contaminação pelo novo coronavírus vem em alta.
O Amazonas foi o único estado brasileiro que conseguiu na Justiça adiar a realização do exame, somente porque o sistema de saúde de lá entrou em colapso devido à superlotação e alta nos números de mortes e doentes em estado grave. Do ano passado para cá, mais de 100 ações judiciais pediam o adiamento da prova. Contra todos, contra até a segurança da população, o governo brasileiro não só manteve a prova, como comemorou. Celebraram as vitórias judiciais, vibraram com o desastre que foi o primeiro dia de aplicação das provas, apesar da maior abstenção da história.
O que não se sabe ainda é o efeito das aglomerações promovidas pelo Enem na vida dos estudantes e de suas famílias. Sim, houve aglomerações, não tem como negar. Há relatos de estudantes que foram impedidos de fazer a prova porque as salas já estavam cheias. Filas nas entradas das salas, ambientes fechados, distanciamento nem sempre respeitado. Assim como em diversas atividades que vêm sendo retomadas no Brasil, o “respeito aos protocolos” no Enem também foi um grande faz de conta. Se agora estamos colhendo os resultados das festas de fim de ano, nos próximos dias virá o saldo do Enem.