A cidade de João Pessoa poderia estar em outro patamar se as gestões municipais tivessem mais agilidade e resultados que representassem melhoria econômica e social para a população. Ao contrário do que se pode imaginar, João Pessoa tem potencial de crescimento em diversas áreas, sem contar que detém 30,7% do PIB da Paraíba.
É verdade que a capital da Paraíba carrega o peso de atender a quase todos os municípios do Estado e até alguns de estados vizinhos, principalmente nos serviços de saúde. Porém, isso não encobre a falta de ações efetivas, que tirem nossa cidade da condição de primo pobre do Nordeste, no tocante à implantação de grandes projetos de desenvolvimento local.
Não temos uma obra ou ação que aponte na perspectiva de crescimento econômico que gere ganhos sociais para a população. O crescimento que tivemos foi vegetativo e atrelado a recursos públicos federais, sem nenhum incremento excepcional que representasse um salto na nossa economia com condições de gerar novas receitas para serem revertidas em serviços públicos.
A lógica de vender uma cidade balneário não é suficiente para proporcionar qualidade de vida para as pessoas que residem nos bairros mais pobres. Temos uma orla bem cuidada, com bairros na região das praias com boa infraestrutura, mas essa não é realidade majoritária de João Pessoa.
Se temos potencial para explorar o turismo, é muito pouco provável que consigamos atrair o consumidor de alta renda, com capacidade para trazer mais recursos para a cidade, se nem um aeroporto e voos temos para atender a esse público. Temos que lembrar que em todas as áreas da economia há concorrência e dar comodidade é aspecto preponderante. Não podemos querer que tudo caia do céu. É necessário trabalho e visão estratégica.
Citamos o turismo porque é uma atividade mais fácil de identificar as deficiências. Mas essa realidade de falta de ações efetivas se verifica em todas as atividades da economia. Além disso, João Pessoa não pode mais ser vista de forma isolada. Ela é parte de uma região metropolitana, que precisa de desenvolvimento concatenado para que os reflexos sejam sustentáveis. O gestor de João Pessoa precisa ser um líder regional, com capacidade de aglutinar todas as cidades do entorno e garantir que os benefícios sejam compartilhados, para que a capital não fique sobrecarregada e sem possibilidade de desenvolvimento real.
Citamos o caso do Aeroporto, que na verdade fica em Bayeux e Santa Rita, mas além dessas cidades, o Conde e Cabedelo também estão diretamente relacionadas em projetos turísticos que terão João Pessoa como principal referência. Além de líder, o gestor vai precisar entender que será com generosidade que vamos produzir ganhos diretos e indiretos para uma cidade com tanto potencial, mas cercada por cidades-irmãs com muitos problemas.
Da mesma forma, essa perspectiva de liderança regional, que nenhum prefeito de João Pessoa assumiu, também terá impactos significativos em áreas como saúde, educação, segurança e habitação. Além da morosidade que as soluções restritas à capital foram implementadas, sempre correndo atrás do problema, no que diz respeito a ações conjuntas entre as cidades que são interligadas, não temos nada para contar. Nem diálogo se tem conhecimento que existiu nos últimos 16 anos. A última iniciativa nessa perspectiva data da formação do Consórcio destinado à gestão do aterro sanitário.
Agora, quando vivemos a maior crise sanitária da história recente, percebemos como é importante ter gestores com agilidade e capacidade de liderança para resolver problemas com a urgência que a situação impõe. Os gestores que assumiram agora em 2021 tiveram que começar seus mandatos em meio a uma situação muito delicada, visto que a pandemia está em sua segunda onda, ainda mais forte que a primeira, mas com muitos dos serviços desativados ou preparados para uma realidade anterior.
No caso de João Pessoa, a situação é ainda mais complicada, porque dela dependem dezenas de cidades, num total de cerca de dois milhões de habitantes que têm seus serviços de saúde como referência. Felizmente, ainda não tivemos colapso no sistema público de saúde, em decorrência de medidas de contenção e aplicação de ações preditivas, como a instalação de mais setenta leitos com respiradores. Ações que foram tomadas pelo prefeito Cícero Lucena.
Mais difícil ainda é manter a credibilidade junto à população de que as ações estão sendo feitas de maneira planejada e que visam evitar a superlotação e falta de leitos hospitalares em condições de atender toda a demanda gerada. Esse é outro desafio que a gestão municipal tem conseguido superar.
Porém, de tudo isso fica um aprendizado: João Pessoa tem pressa. Não pode continuar tendo como referência o ritmo adotado anteriormente. Além disso, o gestor deve ser eficiente na solução dos problemas urgentes, mas também entender que o desenvolvimento de toda a região é fundamental para que o crescimento seja sustentável e tenhamos harmonia entre as cidades e seus habitantes. O prefeito Cícero Lucena tem os atributos necessários, já tem dado provas de que pode aglutinar e, assim, produzir uma gestão ainda mais eficiente e que extrapole os limites de João Pessoa.