O Partido dos Trabalhadores é o único partido do Brasil que tem uma verdadeira direção nacional. Todos sabem que as decisões partidárias apontam sempre para Lula e o que será melhor no projeto nacional. Logo, quem quer fazer parte do partido deve entender que essa é a premissa maior e terá que acatar as decisões. A outra opção é sair e tocar seu rumo.
Em João Pessoa, isso não é novidade. Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo foram do PT, fizeram seus nomes no partido e depois saíram. Tocaram as suas carreiras políticas como bem quiseram. No caso de Cartaxo, a saída foi atirando, acusando o PT de ter cometido erros que poderiam atrapalhar seu destino político. Após cuspir no prato que comeu e ter usado e abusado do prestígio de Lula e Dilma para ser eleito prefeito de João Pessoa, saiu na hora da dificuldade e se abraçou com os lavajatistas.
Depois da derrota do irmão para governador em 2018 e de ter levado uma lapada em 2020, quando sua candidata a prefeita teve um resultado vergonhoso, Cartaxo farejou vantagem em voltar para o PT, visto que Lula era novamente favorito na eleição presidencial. Não foi fácil aceitarem Luciano Cartaxo de volta, Lula não tinha esquecido a traição e tudo o que foi dito em 2015, mas diante da insignificância aceitaram sua volta e, mais uma vez, ficou provado que só foi vantagem para o ex-prefeito. Afinal, Cartaxo não teria sido eleito se não fossem os votos da legenda, ele foi o último colocado da chapa e entrou na sobra.
Quando se filiou ao PSD em 2015, Cartaxo tratava o PT como um leproso de quem queria distância. Agora quer, novamente, usar a imagem positiva de Lula para tentar voltar ao poder municipal. Cartaxo pensa que pode cantar de galo no PT, resolveu espalhar especulações e até distribuir uma pesquisa que encomendou, como argumento para dizer que é a melhor opção do partido. Porém, ele passou do limite quando colocou em cheque a lisura da direção nacional do Partido e resolveu desqualificar a pesquisa realizada pelo PT, insinuar que a empresa contratada não tinha credibilidade e afirmar que sequer conhecia o instituto.
Leia também: Quem é quem no PT de João Pessoa?
Jogar com pesquisa não é novidade para Cartaxo. Em 2018, ele dizia aos quatro cantos que as pesquisas que tinha davam a vitória de seu irmão, Lucélio Cartaxo, sobre João Azevêdo para governador. João venceu no primeiro turno. Em 2020, ele jurava de pés juntos que nas pesquisas que contratou, sua candidata, Edilma Freire, estava na disputa. Mais uma vez, a derrota foi categórica. Para completar, em 2022, Cartaxo dizia ter pesquisas apontando que ele seria um dos mais votados para deputado estadual, com votos para ajudar a chapa do PT. Novamente sobrou conversa e faltou voto.
Agora, a pesquisa encomendada pela direção nacional do seu partido mostrou que a conversa de Cartaxo não bate com os dados estatísticos apurados pelo instituto Ver Pesquisas e Estratégias, que está fazendo estudos para o PT em diversas capitais do Brasil. Certamente é um instituto com respaldo suficiente para ser contratado pelo partido do Presidente da República.
Mas Cartaxo não gostou da verdade dos números apurados. Resolveu atacar o instituto e, consequentemente, o próprio partido que foi quem contratou a empresa. Esse roteiro não é novidade. Em 2000, Ricardo Coutinho fez o mesmo, quando o PT contratou uma pesquisa que mostrava Cícero com margem folgada à frente. O desfecho todos conhecem: Ricardo atacou as direções do PT, desqualificou pesquisas e, posteriormente, saiu do partido.
Luciano já deveria ter aprendido com os próprios erros. A mesma pesquisa que ele desqualifica diz que Lula está numa ótima situação em João Pessoa, com aprovação bem acima do esperado para apenas nove meses de governo. Mas Lula não é prioridade para Cartaxo. O que importa é que a pesquisa diga que ele é o melhor.
O que a pesquisa diz é que João Pessoa não tem saudades de Cartaxo, e que ele é mais do mesmo: homem, branco, privilegiado e que ocupa espaços de poder há quase 30 anos.
Resta saber quando Luciano Cartaxo sairá do PT, já que será muito difícil convencer os petistas de que ele é confiável para representar o partido. Afinal, quem levantou desconfianças sobre a pesquisa realizada pelo próprio partido foi Luciano Cartaxo, e o ditado já diz: quem disso cuida, disso usa.