A entrevista do ex-presidente e pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nessa terça-feira (15) à Rádio Espinharas só confirmou a tese de que o principal objetivo do Partido dos Trabalhadores é reunir uma grande aliança para derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e eleger Lula de novo.
Não foi o que entendeu a ala do PT que defende a candidatura de Veneziano Vital do Rêgo (MDB) para governador como candidato de Lula na Paraíba. Vejamos então o que falou Lula e se há problema de interpretação de texto.
“Todo mundo sabe que na Paraíba estou altamente convencido da necessidade de uma aliança com o MDB, com Veneziano. Precisamos juntar mais gente, estamos no processo de conversação”, disse Lula.
A declaração de Lula é a chamada “chuchu”, pois serve para ambos os lados. Se cozinhar chuchu com galinha, fica com gosto de galinha, e se cozinhar com carne, pega o gosto da carne.
Façamos então uma análise do discurso. Lula falou da “necessidade de uma aliança com o MDB, com Veneziano”, mas não disse que o candidato dele na Paraíba é Veneziano. Em seguida, Lula também disse “precisamos juntar mais gente”, que é justamente a tese defendida pelos petistas que apoiam a reeleição do governador João Azevêdo (PSB).
A ala de Ricardo Coutinho e Veneziano se apropriou do discurso de Lula para tentar enganar os desatentos, mas Lula, na verdade, não se comprometeu com ninguém, até porque, como não é menino, sabe que o cenário está indefinido, e deixou isso no ar ao dizer “estamos no processo de conversação”.
O MDB pode compor uma chapa nacional com João Dória (PSDB) e limar de vez a candidatura de Vené a governador da Paraíba? Pode. Ricardo tem segurança sobre sua elegibilidade a preço de hoje? Nem um pouco. Alckmin de vice na chapa do PT está garantido para referendar o apoio de Lula à reeleição de João? Também não.
Então tudo segue como antes. A prioridade de Lula é derrotar Bolsonaro, se eleger presidente e, para isso, reunir o maior número possível de aliados a fim de garantir sua vitória. Além disso, o que se disseminou a partir da fala do presidente foi puro oportunismo.