Advogado Popular, Professor de Direito, Mestre em Ciências Jurídicas (UFPB). Ex-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Paraíba (CEDH/PB).
Advogado Popular, Professor de Direito, Mestre em Ciências Jurídicas (UFPB). Ex-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Paraíba (CEDH/PB).
Menos é Mais: o novo slogan da Prefeitura de Campina Grande!
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(Foto: Reprodução/Instagram)

Na bucólica Praça da Bandeira, cenário de pombos aposentados, pombinhos apaixonados e cafezinhos caros, uma movimentação diferente chamou a atenção: a banda de pagode Menos É Mais resolveu gravar um clipe na cidade. Ah, a arte! Ah, a música! Ah… o cinismo sincronizado com o compasso do tantã.

Enquanto os meninos do pagode encantavam com suas vozes aveludadas e refrões de sofrência embalada, na prefeitura o lema era o mesmo da banda, mas com outro tom: Menos é Mais, versão quebradeira, remixada por Bruno Cunha Lima e sua equipe.

Menos saúde básica para o povo, mais desculpas esfarrapadas nas entrevistas! Menos respeito às mães campinenses, mais violência obstétrica! Menos remédio nos postos, mais lives dizendo que é tudo fake news! Menos médicos nos PSFs, mais contratos temporários para maquiar o caos administrativo!

A lógica é imbatível: quanto menos se faz, mais se fala. Quanto menos se governa, mais se aparece nas redes. E quanto menos gente do povo e mais parentes na política, mais Cunha Lima no poder. É como se o sobrenome fosse um vírus que se propaga pelo voto de cabresto e pela omissão de quem se cala diante do desastre local.

Na gravação do clipe, tudo era festa: câmera, drone, microfone, figurino. No Palácio do Bispo, tudo é confusão, desrespeito, incapacidade técnica e política, das quais são culpados os astros, o STF, o PT e o jacaré do Açude Velho, menos o prefeito.

E, veja bem, o pagode na Praça foi bom demais! O problema é que a prefeitura levou o nome do grupo muito a sério.

Aqui, menos saúde é mais sofrimento, menos salário em dia é mais revolta, menos povo é mais oligarquia. Em Campina Grande, ao som do pagode oficial da gestão, o que resta ao povo é cantar o refrão:
“Menos, prefeito. Mais respeito, por favor.”

Enquanto Menos É Mais canta sobre amor, a prefeitura cala sobre a dor de quem morre por falhas imperdoáveis do serviço público. Um samba triste, de nota única e desafinada, tocada com o pandeiro da incompetência e com o tamborim do descaso, harmonizados pelo surdo da Rio Branco.

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