Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Na porta de casa
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(Foto: Divulgação/Secom-PB)

Nasci em João Pessoa, mais precisamente no conjunto Radialista, que fica ali entre Geisel e Funcionários, mas foi no Geisel onde vivi da minha primeira infância até o meio da adolescência. E dali, na saída do bairro, no sentido ao Centro da cidade, lembro-me bem de como foi impactante a construção do ginásio O Ronaldão. Para nossa realidade enquanto crianças era algo faraônico, apesar de ficar ao lado do Gigante de Concreto, o estádio O Almeidão. De toda forma seria o primeiro grande ginásio poliesportivo da cidade, nascido já de grande porte e ainda com expectativas de que seria um equipamento esportivo para servir à comunidade, como hoje acontece com a Vila Olímpica Parahyba. Enquanto o ginásio era levantado, os boatos davam conta de que ali funcionariam escolinhas para atender crianças e adolescentes de várias idades e localidades. Como sonhar não custa nada, eu prontamente me via jogando basquete ali, e já me preocupava em como faria para me deslocar de casa até o local dos treinos. Minha mãe não me deixaria ir a pé. De bicicleta, então, nem pensar. Alguém iria comigo de ônibus? Daria certo ir sozinho? E se perdesse a parada? São muitos os pensamentos na cabeça de uma criança.

Não me lembro das escolinhas funcionando e quero evitar qualquer injustiça caso tenha acontecido algum projeto nesse sentido. Lembro-me da inauguração, um jogo amistoso de voleibol – ou seria handebol? – com atletas profissionais. Ginásio absolutamente lotado. Mesmo sem valer coisa alguma, dava a dimensão do que é assistir a uma partida “de verdade”. De lá para cá, vi o equipamento servir como palco para show de padre, eventos diversos, até aos poucos ir perdendo a função à qual se propunha. Sai governador, entra governador, e o ginásio foi sendo deixado de lado, algo que é muito comum na política paraibana, pois os gestores, em sua majoritária pequenez, costumam relegar ao esquecimento aquilo que foi construído por outro para que os feitos dos adversários não sejam lembrados. Nesse modelo de gestão que não olha para a própria história, quem perde é sempre o povo.

Corta para 2024. Deu gosto ver o ginásio totalmente reformado. Melhor ainda saber que está servindo para promover o esporte. O Governo da Paraíba acertou muito ao viabilizar a obra e trazer um grande evento esportivo para o nosso estado. Investir no esporte é importante por diversos motivos. Além do que se investe para a prática desportiva em busca dos mais variados benefícios para o indivíduo e para a sociedade como um todo, fazer com que uma competição esteja acessível assim, na porta de casa, faz diferença até para fomentar o reconhecimento ao esporte profissional. Para nós, paraibanos morando longe do eixo onde costumam acontecer as grandes competições, poder acompanhar de perto o Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística é uma grande oportunidade. Ainda mais com a presença de atletas como a medalhista de ouro Rebeca Andrade. Não à toa os ingressos esgotaram em minutos. E aqui aproveito para registrar a grandeza da Confederação Brasileira de Ginástica ao decidir liberar todas as cadeiras não ocupadas após uma hora do início do evento. A atitude amplia o alcance da população paraibana ao evento, valorizando o que é público exatamente a quem se destina e mais precisa ter acesso a eventos esportivos desse porte.

Ao governador João Azevêdo ficará o reconhecimento não só pelo evento, mas principalmente pela entrega de um equipamento que estava abandonado e hoje volta a servir à população paraibana.

Texto publicado originalmente na edição de 20.09.2024 do jornal A União.

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