Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
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O poder do mito
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Desde tempos remotos nossa espécie é baseada em lendas, mitos, crenças comuns que nos fazem criar identidades e vivermos socialmente em torno destas ficções. Chegamos até aqui, no atual estágio civilizacional, bem ou mal, por esta razão. O sentido de cooperação entre nós está, necessariamente, ligado ao que nos une. Isto pode parecer bastante relativo e complexo, mas muitas vezes não o são. Muitas pessoas estranhas podem cooperar com sucesso caso acredite nos mesmos mitos.

Você deve estar considerando que irei iniciar um texto sobre o presidente Bolsonaro, tido por seus seguidores como o “mito”. Meu debate, pode muito bem ajudar a elucidar a sua construção como tal, mas gostaria de refletir também sobre nossa responsabilidade sobre tais construções sociais e históricas. Dois católicos que nunca se viram podem ter partido juntos para uma cruzada porque ambos acreditam que Deus encarnou como homem e se deixou crucificar para redimir nossos pecados. Dois advogados que nunca se encontraram podem se unir em defesa de um desconhecido porque acreditam na existência das leis, da justiça, dos direitos humanos e dos honorários que podem lhes render.

A crença em elementos comuns nos une, como povo, como nação. O mito vem em forma de narrativa, criada por um narrador que passa credibilidade diante da sociedade, poder de liderança e domínio da linguagem convincente, e que, acima de tudo, responda às necessidades do coletivo. O que quero dizer é que o mito só se consolida a partir da aceitação coletiva. O mito organiza as relações sociais, de modo a legitimar e determinar um sistema complexo de permissões e proibições.

Os mitos são construções sociais, são ficções que acreditamos para dar sentido a certas coisas em nosso mundo. É responsabilidade nossa construir tais mitos e, mais do que isto, as consequências destas construções. Quais mitos você escolheu acreditar? Quais os resultados disto para a sociedade? A quais mitos você está preso? No fim, em terra de aprisionados mentais, quem é livre é considerado louco!

Sim, este texto pode ser sobre Bolsonaro, mas pode ser sobre muitas outras coisas…

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