Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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O xeleléu de Bolsonaro continua no cargo
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Foto de capa do perfil do ministro da Saúde no Twitter mostra ele e o presidente Jair Bolsonaro em fina sintonia (Foto: Reprodução/Twitter)

Logo estranhei nessa quinta-feira (2) quando parte da imprensa deu como certa a saída do paraibano Marcelo Queiroga do Ministério da Saúde. Apesar do desastre que vem se mostrando a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento à pandemia de covid-19, Queiroga não é culpado de tudo, nem se envolveu pessoalmente em nenhuma crise recente. O Escândalo da Covaxin e as denúncias que surgiram a partir da CPI da Pandemia também não entram na conta do médico.

Marcelo Queiroga tem o exato perfil que o governo Bolsonaro buscava para o cargo. Possui currículo técnico na área da saúde, assim como tinham Mandetta e Teich, mas, diferentemente do paraibano, não se sujeitaram aos absurdos propostos. Queiroga chega a ser um sonho de consumo para o bolsonarismo pois cumpre o papel de executor de tarefas que vinha sendo do ex-ministro Eduardo Pazuello, com a diferença curricular.

Muito estranho é o médico jogar na sarjeta tantos anos de carreira em troca do status de ocupar o mais alto cargo ligado à saúde no país. É claro que se tornar ministro de Estado não é pouca coisa, mas vale a pena manchar a biografia? Pelo visto, ele avalia que sim.

Mais estranho ainda é a dedicação de Queiroga em propagar ao mundo seu servilismo ao presidente da República. Chega a ser forçado. A imagem de capa do perfil do ministro no Twitter é uma foto dos dois, quase de rostinhos colados.

(Foto: Reprodução/Twitter)

Em outro episódio, o ministro quebrou o protocolo de uma cerimônia oficial junto a militares e bateu continência ao presidente Jair Bolsonaro. A cena é vexatória. Os militares não batem continência para Bolsonaro à toa. Gostando ou não do presidente, como chefe do Poder Executivo no Brasil ele é o comandante em chefe das Forças Armadas, por isso têm mais é que respeitar o rito e reverenciar o presidente. No caso de Queiroga, quando um civil bate continência é só para lamber botas mesmo.

Mesmo sendo civil, Marcelo Queiroga bate continência para Bolsonaro em meio a militares (Foto: Reprodução/TV Brasil)

No mesmo dia em que circulou a falsa notícia, os dois apareceram juntos para desmentir. Não é a primeira vez que isso acontece neste governo. Uma fonte ligada ao Palácio vaza a informação para ser desmentida mais tarde, como uma isca para desacreditar a imprensa.

No fim das contas, o servo fiel permanece no cargo, não se sabe por quanto tempo. De toda forma, como todo bom babão, Marcelo Queiroga pode se orgulhar do trabalho que vem sendo feito, e até adicionar sua passagem em Brasília ao currículo com dois pontos: ministro da Saúde e xeleléu de Bolsonaro.

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