Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
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Patriotismo conveniente
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In. De. Pen. Den. Ci. A. estado, condução, caráter do que ou de quem goza de autonomia, de liberdade com relação a alguém ou algo. A data de independência é um marco na História dos Estados-nação que passaram por um processo de colonização. A data é enaltecida, dentro dos ideais de liberdade principalmente, na construção de um povo livre e soberano. Nos últimos anos em nosso país, entretanto, tem ocorrido uma apropriação em torno de um governo que arroga para si os símbolos nacionais.

A bandeira nacional não pertence a um político, a bandeira nacional não pertence a um partido, a bandeira nacional pertence a um povo. A construção de uma narrativa patriótica e/ou nacionalista, de defesa de um perigo iminente, da força como solução, de (bi)polarização entre defensores da pátria e inimigos dela já foram vividos em outros contextos históricos e trouxeram consequências perigosas, basta consultar Clio (a musa, não o automóvel).

O patriotismo brasileiro sempre foi questionado. Muitos já criticaram o patriotismo de Copa do Mundo, alegando que é o único momento em que os brasileiros se mostram assim, a chamada “Pátria de chuteira”. Então que fenômeno é esse que temos verificado nos últimos feriados de 7 de Setembro no Brasil? A devoção é pelo país ou por um governo? Penso que se um governo cumpre seu papel e sua proposta de maneira satisfatória, não há razão de ganhar as ruas em manifestações pró-governo. Aliás, se o governo necessita de atos a seu favor é porque já não agrada boa parte da população, está debilitado. É preciso compreender que governantes não nos fazem favores quando cumprem seus mandatos com zelo, respeito e decoro, tudo isto é uma obrigação. Reconhecer bons mandatos é importante, é ter boa referência. Cultuar seus líderes é preocupante, é perigoso.

Ser patriota virou moda no Brasil. Vestir verde e amarelo, a camisa da CBF, pendurar a bandeira nacional na janela ou no automóvel e cantar o hino nacional fazem parte do novo brio brasileiro. Um patriotismo devotado aos símbolos, talvez até a pessoas, mas completamente desconectado do conceito de pátria, de nação. No Brasil continuam a alimentar a confusão entre patriotismo e militarismo. O sentimento de pertencimento vai se diluindo e se perdendo. Quantos, indignados com os governos brasileiros, acabaram por ir embora do país ou ao menos ameaçaram fazê-lo? Este é o patriota? Entoam um “verás que um filho teu não foge a luta”, mas são os primeiros a desistirem de um Brasil. Um patriotismo conveniente. Um brasileiro vazio. Um país doente.

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