As eleições para o Governo da Paraíba ainda carecem de debate qualificado. Mais que isso, demandam candidatos qualificados com conteúdo e coerência para disputar com o governador João Azevedo (Cidadania) para além de bravatas, insanidades e mágoas. Quem acabou de se lançar como pré-candidato foi o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB).
Pode até parecer ter algo de novo pela idade do político, mas Pedro mostrou em sua curta trajetória ser uma fonte de incoerências. No lançamento da sua candidatura ao Governo do Estado, até as bravatas foram velhas.
Dentro de seu pequeno discurso — grandes discursos necessitam de conteúdo —, Pedro Cunha Lima deu destaque a ideias requentadas e que já foram majoritariamente reprovadas pela população paraibana. Levantou a voz para dizer que a Granja Santana é um palácio bancado pela população para promover luxo ao governador, como se não cumprisse qualquer papel institucional. Disse que faria daquele espaço um parque. Essa foi a mesma proposta que Lucélio Cartaxo usou para iniciar sua campanha em 2018.
Certamente não aprendeu com os erros passados e esqueceu que seu avô e seu pai fizeram bom uso do equipamento público, que serve para muito mais que residir o mandatário. Mas o deputado achou pouco e mirou na Assembleia Legislativa. Comparou os custos do Poder Legislativo com os da UEPB. Usou o parâmetro raso de que os 36 deputados custam mais que os 18 mil alunos da Universidade Estadual. Uma tentativa clara de marginalizar a atividade legislativa e tratar como um peso para sociedade.
Quando se imaginaria algo novo em seu discurso, o político, apesar de pueril, mostrou que traz toda carga de conservadorismo na defesa de falácias. Serve apenas para o debate rasteiro, nos moldes de Moro e Dallagnol, que colocam sociedade e políticos em zona de confronto. Pedro, que reza na cartilha dos lavajatistas, tenta criminalizar a política e trata os políticos como se não fosse um deles. Algo típico dos que têm pouco apreço pela democracia e de quem professa conforme sua moral, sem qualquer compromisso ético, um discurso carregado de desonestidade intelectual.
Pedro Cunha Lima deveria ser mais honesto quando postula ocupar o cargo mais importante do estado. Para alguém que passou quase três anos como base fiel do governo Bolsonaro e votou em pautas que condenaram o trabalhador à perda de direitos, a exemplo da Reforma da Previdência, usar bravatas de tom austero para dizer que quer reduzir o peso que o Estado tem sobre os mais pobres é incoerente, é fake.
O deputado federal do PSDB terá muita dificuldade para parecer confiável. Brincar com a inteligência alheia é típico de quem acredita que basta impostar a voz, usar uma ou duas frases de efeito e todos desvincularão discurso da prática. Pedro Cunha Lima terá que sair da mediocridade de quem foi base de Jair Bolsonaro e agora alardeia propostinhas antipolítica. Mais dificuldade terá para justificar que sua trajetória política não é só a extensão de um projeto familiar, que por décadas usufrui das benesses de cargos públicos, mas pensa que basta trocar a maquiagem para parecer nova alternativa para a Paraíba.