Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Proposta de congelar salário mínimo foi a pior das crises para a campanha de Bolsonaro
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(Foto: Reprodução/TV Globo)

Qual foi a pior crise enfrentada pela campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta reta final do segundo turno? Foram muitas para administrar nos últimos dias: decisão de ter abortado o filho Jair Renan, vetada pela mãe; caso de insinuação pedófila com adolescentes venezuelanas; e a tentativa de homicídio cometida por um de seus principais aliados, Roberto Jefferson, que lançou granadas e disparou tiros de fuzil contra policiais federais.

Mas foi o próprio Bolsonaro quem deixou escapar, no debate com o ex-presidente Lula (PT) na noite dessa sexta-feira (28), na Rede Globo, que a responsável por afundar suas chances de sair da segunda colocação e tentar uma virada foi a proposta do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular o salário mínimo da inflação num eventual segundo Governo Bolsonaro.

O debate começou com a pergunta do atual presidente, e tamanho foi o impacto da proposta de congelar os salários mínimos e as aposentadorias que ele fez questão de aproveitar a audiência para tentar se explicar. O que era ruim, ficou pior, pois o tema, já bem explorado pela campanha adversária, caiu no colo de Lula em pleno debate para que ele perguntasse o porquê de Bolsonaro não ter concedido nenhum aumento real durante todo o seu governo.

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Ao longo dos anos dos governos do PT, o salário mínimo era indexado pela inflação do ano anterior e, além do reajuste com base na perda do poder de compra, recebia um aumento, garantindo assim um ganho real ao trabalhador, ano após ano.

Nos anos do Governo Bolsonaro, o salário mínimo recebeu apenas o reajuste inflacionário, ou seja, ficou estagnado. Com a proposta de Guedes, a situação do trabalhador brasileiro e dos aposentados e pensionistas pode se agravar.

Traduzindo o termo bonito, “desindexar”, o que o ministro de Bolsonaro propõe na verdade é um congelamento de salário mínimo e das aposentadorias totalmente desvinculado do reajuste inflacionário.

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Guedes alega que se trata ainda de um estudo, mas a proposta seria uma tragédia social, pois se não houve ganho real de poder de compra em quatro anos, o país passaria a viver a perda real, com o trabalhador vendo seu salário ser corroído pela inflação.

Bolsonaro também segue tentando esconder sua ligação com Roberto Jefferson. A tentativa do aliado de matar policiais pegou mal para o presidente, que tem muitos apoiadores nas forças de segurança. Ele chama Jefferson o tempo todo de “bandido”, negou que tivesse fotos com o aliado, as fotos pipocaram nas redes sociais, e a ligação entre os dois está ainda mais explícita.

No primeiro turno, Bolsonaro tinha como meta impedir a eleição de Lula e prorrogar a disputa para o segundo turno. A primeira missão foi cumprida. A segunda, de tirar a diferença de mais de 6 milhões de votos, já era quase impossível sem tantas crises. Lula venceu o primeiro turno, lidera todas as pesquisas de intenção de voto neste segundo turno e, na última Datafolha, abriu a ‘boca do jacaré’, com crescimento de sua liderança e declínio de Bolsonaro, indicando tendência de ampliação de vantagem. Nos últimos dias, bolsonaristas já falam em tom de derrotismo.

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