A Paraíba teve que aumentar as restrições para tentar conter o avanço da covid-19, a lotação nos hospitais e, consequentemente, as mortes. Porém, apesar de todos os esforços, fechamento do comércio, restaurantes, bares, hotéis, escolas e diversos segmentos, o número de mortes bate recordes.
É verdade que as medidas restritivas de hoje terão impacto em duas semanas. Porém, diante dos números verificados de mortes a dosagem do remédio pode ter que ser maior. Se muitos cobram uma maior fiscalização e controle sanitário rígido, ainda existe uma parcela grande de pessoas que não seguem as orientações, promovem aglomeração e desdenham da eficácia das máscaras.
A conta está cada dia mais dura. Quem está com a corda no pescoço já sente medo de ter que apertar ainda mais e fica na dúvida se irá aguentar. Porém, não cabe espernear sem responsabilidade social. Porque não existe coerência de quem questiona medidas sanitárias e sai pela rua desfilando sem máscara.
Alguns dirão: “sem fiscalização não funciona”. A fiscalização é obrigatória. Ninguém questiona sua necessidade. Mas quem pratica o desrespeito, majoritariamente, é quem se diz prejudicado pelas medidas. Ora, se o prejuízo existe em decorrência dos fechamentos e da restrição de circulação, por que não se respeita, como forma de reduzir o tempo de sofrimento?
Essa autossabotagem serve como alento para negacionistas dizerem que as medidas não funcionam. Mas em nada tem efeito prático para reduzir o problema objetivo, que é diminuir os caos que só aumentam.
As vidas continuam em risco, os hospitais lotados, os negócios fechados ou funcionando precariamente e a intransigência continua a guiar quem diz ser o mais interessado em que todos voltem a circular e a economia reaja.
Para quem realmente quer superar esse momento, o mais rápido possível, o respeito às medidas restritivas deve ser total. Mais que isso, devem incorporar o papel de conscientizar e fiscalizar quem não respeita e prolonga a crise.
Existe saída com menos sofrimento. A receita já está comprovada em muitos países: reduzir circulação de pessoas e vacinar. Tomemos o exemplo de João Pessoa. Se um grande esforço for feito, em quinze dias de respeito às normas sanitárias e o ritmo de vacinação intensificado, vamos aliviar o colapso que a saúde vive e teremos mais duzentas mil pessoas vacinadas. Somado ao que já foi feito, praticamente toda a população elegível para vacinação estaria com a primeira dose aplicada e, como se sabe, parcialmente imunizadas.
Sabemos que o cansaço, as perdas e o sofrimento são muitos. Já passamos do limite. Mas esse esforço concentrado precisa ser feito, ou prolongaremos essa situação por bem mais tempo do que se pensa. A compreensão do momento vivido e a responsabilidade coletiva são as únicas formas de as mortes diminuírem e voltarmos a viver fora dessa zona de conflito.