Dizem que na vida se aprende pela dor ou pelo amor. As vezes essas duas formas de aprendizado se apresentam simultaneamente. No mesmo dia em que o Rio Grande do Sul era inundado por uma das maiores catástrofes climáticas vistas no Brasil, um outro rio, o Rio de Janeiro, era palco de uma grande demonstração de amor e respeito as diferenças.
Para alguns, os eventos parecem conflitantes. A falsa solidariedade moral dará margem para comentários sobre o absurdo que foi realizar um megashow da Madonna enquanto pessoas morriam em decorrência das chuvas.
Pregaram o luto como manifestação de respeito e parte da construção de um senso comum, que serve apenas para gerar conflitos e alimentar o moralismo.
Em ambas as situações, a humanidade foi exposta de forma extrema. O show da Madonna escancarou a necessidade de incluir e amar de todas as formas. Chocou! No outro extremo a dor explicitava a vulnerabilidade humana, com mortes e destruição em decorrência das respostas da natureza.
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O rio de gente que assistia o ícone pop arrastou atenções sobre temas reprimidos. Tornou público manifestações que muitos tentam silenciar e alguns buscam o extermínio. Não foi apenas o show de uma artista, mas sim de milhões de pessoas.
Lá no rio do Sul, a destruição descortinou uma série de outras questões. Avisou de maneira brutal: olhem para natureza. Prestem atenção, esse modelo de exploração não serve para a humanidade. Em meio ao caos, a tragédia evidencia que quando questionamos modelos econômicos, a preservação ambiental, investimentos sociais e tantas outras carências, estamos falando sobre necessidades humanas.
Os rios podem se misturar. Seja no amor ou na dor, todas as demandas são humanas. O acolhimento pode se expressar pela inclusão, mas também pela solidariedade. Não existe dicotomia, nem antagonismo. Tudo é sobre gente e não pode soar estranho à humanidade.