O que pensa o Termômetro da Política
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Quem é o lento? Veneziano traz ideias soltas, ausência de conceito e a velha aposta no ‘trio da vitória’
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(Imagem: Reprodução/Instagram/senadorvenezianovital)

A primeira peça da campanha ao Governo do Estado do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) parece desprovida de análise e compreensão da conjuntura política. O vídeo que foi veiculado no perfil no Instagram do senador começa com uma provocação indireta ao governador João Azevedo (PSB): “Governo que anda lento já não adianta”.

É o tipo de afirmação de quem só enxerga dentro da bolha política, onde indiretas servem muito mais para satisfação pessoal que para qualquer efeito prático junto ao eleitor. Afinal, quem se ocupa de interpretações dos movimentos da política são os políticos, os jornalistas que transitam no meio e alguns espectadores viciados no tema. A grande massa se alcança com linguagem direta e precisa.

No caso de Veneziano, fica difícil essa abordagem, visto que por três anos fez parte do Governo e ocupou espaços generosos. Seria mais prudente usar elementos objetivos para se contrapor ao governador, num campo que não lhe sirva como espelho. Levantar de forma genérica a lentidão de uma gestão da qual fez parte por tanto tempo gera automático questionamento: precisou desse tempo todo para perceber? Quem é o lento?

Na sequência, o material pega um conceito usado por Lula (PT) da necessidade das pessoas voltarem a ter o que comer e diz: “mandar voltar o tempo do almoço e janta, com vida alegria pra tomar café”. Em âmbito nacional é acertado o que a campanha presidencial faz. Contudo, a peça é destinada à disputa ao Governo da Paraíba. Talvez a equipe de Veneziano e Ricardo não tenha estudado os números e por isso não saiba que entre as ações de João Azevêdo, a mais bem avaliada é o Programa Tá Na Mesa, que em plena pandemia gerou renda para pequenos empreendedores que preparam as refeições e distribuiu comida por toda a Paraíba. É claro que a fome provocada pelo flagelo que Bolsonaro espalha é maior que o programa estadual, muita gente passa fome na Paraíba, mas a campanha do senador erra o alvo em âmbito estadual e faz lembrar um ponto forte do atual governador.

Existem muitos pontos que podem ser explorados na campanha para o Governo da Paraíba. Certamente um candidato como Veneziano, que rompeu com seu antigo aliado João Azevêdo, precisa apresentar justificativas fortes para uma mudança tão brusca de percepção sobre a gestão que integrava. Não pode parecer que seu rompimento foi em virtude de não ter conseguido emplacar alguém do seu grupo como vice na chapa do governador, ainda mais quando se sabe que teria como opções a esposa Ana Claudia Vital, que era secretária de Estado, e sua mãe, a senadora Nilda Gondim (MDB), que ficará sem mandato em 2023.

Roteiro requentado da direita

Campanha de Mariz apostou no conceito de ‘trio da vitória’; conjuntura política era outra (Imagem: Reprodução)

Para completar, a peça de campanha de Veneziano aposta numa das mais velhas fórmulas de marketing que a Paraíba conhece: o ‘trio da vitória’. Quem acompanha as disputas eleitorais deve lembrar de quando se espalhava pelo estado: “A Paraíba é quem diz: Ronaldo, Humberto e Mariz”. Tem quem ache que basta escalar um trio com Vené, Ricardo e Lula que irá ganhar a partida. Em 1994, a conjuntura era outra, os atores diferentes, o Plano Real elegia FHC em primeiro turno e a Paraíba era um curral do PMDB.

Enquanto muita gente ainda desconfia da viabilidade da chapa Veneziano Governador e Ricardo Senador, seja pelos problemas jurídicos ou pela falta de empolgação, as peças publicitárias começam a aparecer como um conjunto de ideias desconexas e receitas requentadas, que seriam mais apropriadas às campanhas dos velhos coronéis do PMDB paraibano. É uma pena que Lula seja usado como garoto propaganda em velhos roteiros requentados que serviram à direita.

Assista ao vídeo:

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