Em ano de eleições municipais, muitos candidatos aproveitam a corrida eleitoral para se apropriar de pautas e bandeiras que nunca defenderam, mas passam a abraçar na vã tentativa de confundir o eleitor, que se um dia foi bobo, hoje não é mais. Em vez de atrair simpatia, a falta de coerência gera um efeito reverso.
Vejamos, por exemplo, o caso do deputado federal e pré-candidato a prefeito de João Pessoa, Ruy Carneiro (Podemos). No afã de atacar o prefeito Cícero Lucena (PP), Ruy mirou o aumento da passagem de ônibus em João Pessoa. Um discurso feroz, prontamente disparado por meio de sua assessoria de imprensa logo após a reunião do Conselho de Mobilidade da capital.
A passagem aumentou R$ 0,20 e Ruy reagiu em João Pessoa. Estranho é que em Campina Grande, segunda maior cidade do estado, porém bem menor que João Pessoa, o aumento na tarifa foi o mesmo, de R$ 0,20, e Ruy não disse nada. Na capital o pré-candidato a prefeito quer ser um leão, mas basta passar do Cajá que ele chega em Campina como um gatinho, manso todo.
Há quem defenda Ruy por ter mais eleitores em João Pessoa e, por isso, seria justificável maior atenção à capital. Se assim fosse, essa atenção toda também seria refletida na destinação de emendas parlamentares. Basta uma busca no Google para descobrir quanto Ruy mandou para a saúde pública de João Pessoa e quanto destinou para um hospital privado de Campina Grande, o Help. E ataques à gestão do prefeito Bruno Cunha Lima (União) da parte de Ruy, alguém viu?
No marketing político, até para atacar um adversário é preciso ter cautela na hora de escolher o assunto. A falta de coerência no discurso de Ruy Carneiro pode ser entendida pelo eleitor pessoense por outro nome: oportunismo.