Se você não sabe ainda, chegou a hora. Sururu é a essência das Alagoas. Fosse escolher uma comida que representasse a alma do lugar, sem dúvida seria o sururu no leite de coco. Com ou sem capote, carrega a responsabilidade de ter salvado da fome muita gente e de dar sabor à mesa de todos. Se é bom? Vixe!!! Com farinha e pimenta, até dói.
Sururu é um marisco, que quando dentro da concha – o capote – parece com a casca de um bicho. Retirado da lama preta das lagoas, numa lata, o marisco é caprichoso, só se reproduz se o nível de salinidade for o ideal. Do contrário, não adianta insistir, a água do mar tem que se misturar com a da lagoa pra o marisco prosperar.
E o que tem de tão bom nessa comida esquisita, de cor esverdeada, salpicada de preto? Além do sabor cheio de história, dizem que contém uma das maiores concentrações de proteína, entre todos os alimentos. Já teve quem dissesse, que as lagoas das Alagoas é onde tem mais proteína no planeta. Muito mais do que qualquer fazenda cheia de boi gordo, que precisou desmatar e encher a atmosfera de gás.
Pois é. O sururu além de ser alimento, fonte de nutrientes, ainda impõe cuidados com o meio ambiente. Talvez esteja escrito no seu DNA: se quiser comer de novo, cuide de preservar a natureza. Caso contrário, não espere cabimento.
Tem muita gente boa que foi criada na base do sururu com farinha. Mas, preste atenção, se o cabra é fraco, se prepare, a noite será longa. O marisco não perdoa frescura ou “nojinho”, bate logo a fraqueza e o jeito é ir pro banheiro ligeiro.
Esse é o sururu, símbolo da resistência de um lugar de extrema beleza, habitado por gente sofrida, mas capaz de tirar da lama o sustento, na forma de alimento, com o melhor sabor que há.
E como a gente faz o caldo do sururu? Primeiro, despinique o sururu. O marisco tem que estar todo fora da concha. Lave bem pra limpar a lama. Deixe preparado o leite de coco. Pique cebola, tomate, pimentão e coentro. Refogue tudo. Adicione o sururu. Vai soltar água. Complete para cozinhar. Quando estiver perto do ponto, adicione o leite de coco, até dar o gosto e finalizar o prato. Pode jogar, no final, mais um bocadinho de coentro, porque aqui, no Nordeste, ninguém gosta de salsinha.