Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Tiro no pé? O peso de um Cunha Lima na campanha de Ruy
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Pedro Cunha Lima no guia eleitoral de Ruy Carneiro (Foto: Reprodução)

A poucos dias das eleições, Ruy Carneiro (Podemos) se vê diante de um dilema para forçar o segundo turno com o prefeito Cícero Lucena (PP) na disputa em João Pessoa. Apesar de ser o candidato com mais chances de avançar, conforme apontam as pesquisas mais recentes, Ruy vê Cícero consolidado na dianteira, em um cenário onde todos os institutos preveem a reeleição do atual gestor já no primeiro turno.

Então, qual a tática ideal? Confiar na estratégia que vem sendo seguida até aqui e esperar atingir o crescimento necessário ou apostar numa manobra ousada, arriscando um tipo de ‘tudo ou nada’? A considerar a propaganda eleitoral, parece que o ‘nada’ foi previsto internamente e Ruy decidiu arriscar tudo, pois quem acaba de desembarcar na sua campanha com os dois pés é o ex-deputado e ex-candidato a governador Pedro Cunha Lima (PSDB).

Não é segredo para ninguém a relação de Ruy com a política de Campina Grande. Foi para um hospital privado de lá, o Help, que o deputado federal mais destinou emendas parlamentares, muito mais do que para as instituições de saúde de João Pessoa. Da mesma forma ele, uma ala dos Gadelha e a família Cunha Lima vêm umbilicalmente ligados desde a última eleição para prefeito.

É verdade que na briga entre os aliados, Pedro Cunha Lima teve mais votos em João Pessoa no segundo turno da eleição para governador do que o atual chefe do Executivo estadual, João Azevêdo (PSB), que sagrou-se vencedor. No entanto, dois anos depois, a conjuntura é absolutamente diferente. Enquanto a família Cunha Lima afunda no campo político, João só cresce e se consolida como nova força política na Paraíba. Ao passo que o ex-governador e ex-senador Cássio, líder maior dos Cunha Lima, decidiu seguir outra carreira, atuando com sua influência junto a grupos empresariais e políticos em Brasília, o resto desidrata. Maior exemplo é Bruno Cunha Lima, prefeito de Campina Grande que acumula tanta rejeição a ponto de perder a reeleição. Já conseguiu reunir a família de volta pelo bem da manutenção do posto, e nem isso parece ser suficiente para frear o crescimento de Jhony.

Voltando a João Pessoa, Ruy parece não ter observado a conjuntura na própria eleição, ou não tem medo de rejeição. Uma olhadela de lado e o deputado federal teria visto o exemplo de Luciano Cartaxo (PT), que ao se juntar ao ex-governador Ricardo Coutinho trouxe para sua chapa o peso da crise de imagem gerada com a Operação Calvário e teve sua candidatura puxada para baixo, sendo apontado como o candidato mais rejeitado. Para quem já foi prefeito, terminar em quarto lugar no primeiro turno será um resultado pra lá de vergonhoso.

A campanha de Ruy começou enfrentando o desgaste de uma condenação a 20 anos de prisão e termina com um cabo eleitoral de potencial duvidoso, pois em vez de elevar o aliado, Pedro Cunha Lima pode acabar servindo como âncora, no pior dos sentidos sob o ponto de vista do marketing político. Para Ruy, em vez de angariar mais votos, publicizar o apoio de um Cunha Lima pode significar um tiro no pé.

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