A visita do ministro da Educação, Milton Ribeiro, na segunda-feira (26), deu muito o que falar em João Pessoa. De prontidão estiveram os políticos, com o pires na mão a pedir por mais verbas federais. E isso era até previsto, tamanho o orçamento da pasta e o poder que o auxiliar de primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) detém.
Mas o que ‘causou’ mesmo foi a fala do ministro em aula magna proferida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ninguém imaginaria que a mesma tribuna utilizada por Ariano Suassuna viesse a ter um palestrante tão desqualificado culturalmente.
É difícil conter, e até escorreguei, pois é justamente isso que o governo Bolsonaro quer e espera da população que se opõe à pauta ultraconservadora.
Em vez de falar algo minimamente útil, ou mesmo fazer política, o maior responsável pelas políticas voltadas para a educação no país preferiu falar de inimigos imaginários, como a suposta ideologia de gênero.
As críticas ao modelo ultraconservador são tudo o que o governo quer porque elas incendeiam os conservadores. Jair Bolsonaro foi eleito com apoio de grupos que defendem essas pautas com unhas e dentes, e sempre que alguém as critica, um exército de militantes é automaticamente arregimentado para dizer “muito bem, é isso mesmo!”.
O governo Bolsonaro é o maior responsável pela tragédia que tem sido a pandemia de covid-19 no Brasil: uma crise sanitária sem precedentes, desgoverno na gestão da saúde, falta de planejamento e atraso na compra das vacinas com reflexo direto na economia. É Bolsonaro o culpado por muitas das mortes e também pelo desemprego e quebradeira no setor privado.
Por isso, há muito mais a criticar no governo do que a bizarrice do ministro da Educação. A própria Casa Civil chegou a elaborar um roteiro.
Falar mal do atual governo com base na pauta conservadora é tudo o que eles querem.