Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Vitor Hugo e o sonho do semáforo
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Confusão e desconforto no primeiro dia do “binário de Intermares” (Foto: Divulgação/Prefeitura de Cabedelo)

Há um jargão bastante popular no meio cristão que diz “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. O mote serve na maioria das vezes para encorajar quem não está apto a realizar determinada tarefa a fazê-la assim mesmo, sob a justificativa da bênção divina.

Dessa forma deve ter acontecido com o atual prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo, alçado ao cargo pela primeira vez com apenas 834 votos, obtidos nas Eleições de 2016, então equivalentes a 2,38% do total de votos válidos. Bem longe dos 15.901 votos de Leto Viana, eleito na época.

Mas se estamos falando do imponderável, parece que Vitor Hugo ganhou a eleição dos céus. Mesmo citado na operação que virou a política do município de Cabedelo pelo avesso, a Xeque-Mate, Vitor Hugo escapou. Foi dormir vereador e acordou prefeito. Passou então a ocupar um cargo para o qual não estava preparado.

Foram meses sem fazer nada de efetivo além de passar vergonha nas redes sociais denunciando fezes de tartaruga nas praias como se fosse de gente. Fez ao menos a zeladoria: praças limpas, lâmpadas nos postes, meios-fios pintados. Como Cabedelo era uma cidade abandonada, o pouco ou quase nada de Vitor Hugo foi suficiente para que ele se elegesse na Eleição Suplementar de 2019 e, novamente, em 2020.

Após as eleições de 2020, parece que Vitor Hugo sentiu que precisava aparecer como prefeito. Apesar de ter sido omisso no enfrentamento à pandemia de covid-19, deixando correr solta a aglomeração em Cabedelo, o gestor quis mostrar serviço com alguma obra que mexesse com a vida da população. Escolheu o bairro de Intermares, onde fizera muito pouco ou quase nada até então, e decidiu que colocar um semáforo e mudar o trânsito seria bom.

Vitor Hugo devia sonhar com semáforo, só pode. Causou desconforto geral mexendo onde não precisava com um binário que, após o caos instalado no primeiro dia, provou-se que foi feito sem qualquer planejamento de trânsito.

Parabéns, prefeito! Você agora tem um semáforo pra chamar de seu. Já que o senhor não era capacitado quando escolhido, a população espera que ao menos recupere o tempo perdido.

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